terça-feira, 18 de novembro de 2014

O NOSSO ARGENTINO



POSTADO POR THEDY CORRÊA - 18/11/2014





Ele está no Internacional desde 2008 e assinou uma renovação até 2017, um caso raro de permanência de um atleta em clube – principalmente no Brasil. Ele é competitivo. Segundo seu ex-treinador, Dunga, não gosta de perder nem rachão de treino. Ele é sanguíneo – expressão que me parece um tanto tola, afinal sangue, todos nós, os vivos, temos correndo nas veias – o que significa que tem emoções. Ele chora em público. Não esconde suas emoções e as escancara para quem tiver capacidade de entendê-las. Chorou quando foi campeão pela Libertadores em 2010. (http://www.youtube.com/watch?v=dzo9kirogZQ) Chorou quando ganhou o prêmio de melhor jogador estrangeiro do Brasileirão 2013. (http://jbfilhoreporter.final.com.br/2014/03/14/dalessandro-chora-ao-lembrar-do-comeco-no-inter-em-2008/) Chorou na decisão da Taça Farroupilha 2013, onde errou um penalti. ( http://espn.uol.com.br/noticia/327532_quase-vilao-dalessandro-chora-e-diz-que-inter-mereceu-titulo). Chorou quando marcou um golaço de falta contra o Peñarol na reinauguração do Beira-Rio. A foto que ilustra esse post é desse momento. Ele chorou depois do gol fantástico de Paulão, no domingo. Chorou e desabafou, ao dizer “a gente passou por muita coisa”. Assim como Alex, após o jogo contra o Fluminense, chorou e desabafou no mesmo tom.

A cobrança sobre o nosso argentino existe, afinal ele é o capitão e líder desse time colorado. A cobrança da imprensa, da torcida, dos dirigentes, técnicos, dos colegas… Mas nenhuma cobrança é maior do que a que ele mesmo faz.

Os tempos de expulsões e ataques de raiva que prejudicaram o time – como na final da Copa do Brasil, contra o Corinthians – já se foram. Ele mesmo reconheceu que precisava que melhorar nesse aspecto. Melhorou. Virou o capitão, mas segue combativo. Não assiste passivamente a conduta dos árbitros, colegas e adversários. Ele fala. Participa. Interfere. Mesmo quando não faz uma grande partida, ele é o centro das atenções. Ele chora. Esbraveja. Luta. Ele tem mais que apenas sangue nas veias – seria uma redução míope de um jogador diferenciado. O nosso argentino tem cérebro, inteligência, sagacidade e uma capacidade de leitura de uma situação que o cerca, acima da média. Por isso ele é quem é. Não se trata de “apenas” ser um guerreiro em campo – um tipo de jogador que muitos clubes sonham em ter – mas de um atleta de capacidade intelectual que o diferencia além do domínio da bola. Ele chorou depois do gol de Paulão, no domingo e provou que nem todo o jogador está ali “apenas pelo dinheiro”. Aliás, ele tem mais que provado isso, ele tem transformado esse comportamento em sua marca regsitrada: qualidade e técnica aliadas a um componente emocional difenrenciado. Ele chegou ao Inter e mais do que vestir a camiseta, ele a incorporou. É essa inteligência & emoção que faz com que a rotina do clube, dos jogos e, principalmente, das derrotas tenha um impacto diferente no nosso argentino. Ele se importa. Ele sofre com a derrota. Vibra e se emociona com a vitória de uma maneira que causa inveja em muitos torcedores que esperavam igual grau de envolvimento nos atletas que vestem a camiseta de seus respectivos clubes. Alguns zombam dessa sua maneira de ser, mas no fundo o admiram. Alguns debocham de suas demonstrações de emoção, mas no fundo o invejam. Alguns pretendem reduzir seu choro a uma causa específica, quando o choro de D’alessandro é o conjunto de sua obra. O choro da frustração pelo vice-campeonato (http://topicos.estadao.com.br/fotos-sobre-dalessandro/dalessandro-chora-apos-conquista-do-titulo-pelo-flamengo,2FB89083-0CCD-4EA3-827A-8452988A9B23 ) tem a mesma razão do choro da conquista da Libertadores. Ele é assim. O nosso argentino chora, briga, luta, chora, vence, conquista, chora, protesta, se indiguina, se revolta, chora…e assim deve ser até o dia em que pendurar as chuteiras. D’alessandro chorou no domingo, depois do gol fantástico de Paulão. Como todo artista, ele se emocionou ao presenciar uma obra de arte. Esse é o nosso argentino.


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