O duelo com o Brasil de Pelotas às 19h30 desta quarta-feira, na Arena, em jogo único pelas quartas de final do Gauchão, abriga peso pessoal a Roger Machado, que vai além da óbvia disputa por uma vaga na semifinal do estadual. Ídolo da torcida e multicampeão pelo Tricolor nos anos 90 quando jogador, o comandante tem a chance de se redimir de uma mácula de seu passado na lateral esquerda gremista: a eliminação para o Xavante, também nas quartas de final, no Campeonato Gaúcho de 1998, em uma partida repleta de polêmicas.
Em 9 de maio daquele ano, o Grêmio de Roger, Ronaldinho e Danrlei acabou batido por 2 a 1 pelo Brasil-Pel, em pleno Estádio Olímpico (relembre no vídeo acima). No entanto, o embate já havia ganho contorno polêmico na semana anterior, no 0 a 0 entre as duas equipes no Bento Freitas, e graças ao então técnico gremista Sebastião Lazaroni. O treinador lamentou a inexistência do exame antidoping naquela etapa da competição, em alusão clara ao comportamento dos rivais em campo.
Brasil de Pelotas x Grêmio em 1998 (Foto: Reprodução / RBSTV)
A declaração foi suficiente para despertar a ira de dirigentes e da torcida, além de "dopar" animicamente o vestiário comandado por Hélio Vieira, para o duelo no velho Olímpico. Em Porto Alegre, os xavantes tomaram as arquibancadas munidos de uma faixa com os dizeres "Lazaroni, dopada é tua capacidade" e empurraram a equipe a uma histórica vitória.
Cleber abriu o placar aos 43 do primeiro tempo, após cruzamento de Taílson. Depois, aos 23 do segundo tempo, o próprio Taílson ampliou o marcador. Aos 36, Marco Antônio descontou para o Grêmio, em cobrança de falta insuficiente para estancar a derrota e os gritos de "Ah, eu tô dopado", de parte da torcida do Brasil-Pel.
– Eu me lembro que falei para o Lazaroni: "Você nos criou um problema". Ele falou aquilo no intervalo. Eu procuro lembrar dos títulos que eu ganho. Minha memória é seletiva, não vou ficar lembrando do que perdi, mas a gente sabe que é duro. Não tem jogo fácil. A gente respeita o adversário. Futebol não tem moleza – relembra, ao GloboEsporte.com, o vice de futebol do Grêmio, César Pacheco, membro da diretoria do Tricolor à época.
A derrota, inclusive, foi o golpe derradeiro para a queda de Lazaroni. Antes, em março, o Tricolor havia sido eliminado pelo São Paulo, na Copa do Brasil. A série de fracassos foi completa em seguida, com a derrota para o Vasco e adeus à Libertadores.
Derrota à parte, retrospecto contra o Xavante é positivo
O tropeço diante do Xavante em 1998 pouco interferiu na história dos confrontos entre as duas equipes. O Tricolor leva ampla vantagem. De acordo com levantamento do Grêmio, são 59 vitórias, 37 empates e apenas 15 derrotas para o Brasil-Pel, em 111 jogos.
Do montante de resultados negativos, seis foram amealhados em duelos como mandante. Os três primeiros ocorreram no antigo Estádio da Baixada, em 1919, 1948 e 1953. Depois, o Tricolor ficaria 44 anos sem ser batido pelo Xavante em Porto Alegre, até o revés por 3 a 2 no Estádio Olímpico, em 1997. No ano seguinte, veio o tropeço já referido, pelas quartas de final do Gauchão.
Se o retrospecto é negativo, o Brasil-Pel tem um trunfo para o duelo deste domingo: já venceu o Grêmio na Arena, em duelo válido pelo Gauchão do ano passado. Nena anotou o gol do 1 a 0 sobre a equipe de Felipão. Nesta quarta-feira, as duas equipes duelam a partir das 19h30, em Porto Alegre, nas quartas de final do estadual.
Nena comemora gol do Brasil de Pelotas contra o Grêmio (Foto: Diego Guichard)