sábado, 1 de março de 2014

Gols de Inter 3x0 Esportivo - 2014


 ( 3 Votes )
O Clube do Povo venceu o Esportivo por 3 a 0 no Estádio do Vale em Novo Hamburgo. Confira os gols! 
INTER 3X0 ESPORTIVO

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Inter 1x0 Xavante - gol do jogo

Gol de Inter 1x0 Brasil-RS - Gauchão 2014

 ( 0 Votes ) 
O Clube do Povo venceu o Brasil de Pelotas por 1 a 0, na segunda partida teste do Beira-Rio. Embaixo de chuva, o gol colorado saiu no segundo tempo, e foi de Welligton Paulista.
INTER 1X0 BRASIL DE PELOTAS
Foto: Alexandre Lops

Gauchão 2014 - 11º Rodada

Beira Rio - 26/2/2014 22:00
INT
1
X
0
BRA
Internacional
Brasil de Pelotas
Passo D'Areia - 01/3/2014 17:00
SJO
X
LAJ
São José
Lajeadense
Antônio Davi Farina - 01/3/2014 17:00
VEC
X
JUV
Veranópolis
Juventude
Cristo Rei - 26/2/2014 19:00
AIM
3
X
2
ESP
Aimoré
Esportivo
19 de Outubro - 01/3/2014 17:00
SLU
X
NOV
São Luiz
Novo Hamburgo
Boca do Lobo - 27/2/2014 20:30
PEL
X
CRU
Pelotas
Cruzeiro
Centenário - 02/3/2014 16:00
CAX
X
PFU
Caxias
Passo Fundo
Aldo Dapuzzo - 01/3/2014 16:20
SPA
X
GRE
São Paulo
Grêmio

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Inter testa Beira-Rio pela 2ª vez contra melhor clube do Interior



Titulares retornam após derrota e desafiam Brasil de Pelotas, de campanha inferior apenas à dupla Gre-Nal. Jogo desta quarta marca segundo evento-teste do estádio

Por Porto Alegre
53 comentários
Uma noite de reencontros. A começar pela volta do time titular do Inter após a preservação contra o Veranópolis, na derrota por 1 a 0. E, claro, será o retorno ao Beira-Rio já que, após ter reencontrado o estádio depois de 447 dias contra o Caxias, atuaria depois no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, diante do Juventude. E, assim como ocorreu diante do rival grená, haverá 10 mil sócios presentes. Mas não será apenas o palco da próxima Copa do Mundo a ser testado Do outro lado, está a sensação Brasil de Pelotas. O time de Rogério Zimmermann é o melhor do Interior, só tem campanha inferior à dupla Gre-Nal e está invicto como visitante. A partida, válida pela 11ª rodada do Gauchão, começa às 22h desta quarta-feira. 
Após perder a invencibilidade no último final de semana contra o VEC, o Inter busca a vitória para manter a tranquilidade na liderança do Grupo A e seguir com a melhor campanha da competição - atualmente tem 25 pontos. Pela recuperação, Abelão aposta no bom momento de Rafael Moura. Antes contestado pela torcida, o centroavante aproveitou o respaldo dado pelo técnico e se firmou na equipe. Já tem quatro gols em quatro partidas, sendo artilheiro do time na temporada ao lado de Cláudio Winck e Fabrício.
O Brasil de Pelotas, apesar de não ter vencido nos últimos dois jogos, segue na vice-liderança do Grupo A com 19 pontos. E um dos segredos xavantes é a manutenção de Rogério Zimmermann no comando técnico e a base da equipe. E, entre eles, há uma legião colorada. Nesta noite, estarão em campo Luiz Muller, Fernando Cardozo e Márcio Hahn, todos da base do Inter e que acabaram se identificado com o clube da zona sul do estado. Além disso, tem duas vitórias e três empates, desconhecendo a derrota quando atua como visitante.
visita do secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, ao Beira-Rio (Foto: Wesley SantosAgência PressDigital)Beira-Rio volta a ser casa do Inter em jogos pelo Gauchão (Foto: Wesley SantosAgência PressDigital)
Há uma novidade neste segundo evento-teste do Beira-Rio. Embora não tenha conseguido aumentar a capacidade do jogo, o Inter abrirá o outro lado da inferior, a antiga área das sociais. A liberação para a partida ocorreu na tarde de terça, após uma vistoria do Corpo de Bombeiros. O Colorado volta a campo na sexta, diante do Esportivo, mas será mandante no Estádio do Vale. O terceiro evento-teste deverá ocorrer em 5 de março, contra o São José, para 20 mil sócios. A ideia é, a partir daí, sediar todas as partidas seguintes no Beira-Rio.
Márcio Chagas da Silva apita a partida, auxiliado por Carlos Henrique Selbach e Tatiana Jacques de Freitas. O Premiere FC transmite o jogo. O GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real com vídeos exclusivos.
HEADER escalacoes 690 (Foto: Infoesporte)

Internacional: Paulão e Fabrício, que cumpriram suspensão, voltam a ter condições de jogo. O time atuará, portanto, com: Dida; Gilberto, Paulão, Ernando e Fabrício; Willians, Aránguiz e Alex; D'Alessandro, Rafael Moura e Jorge Henrique.
Brasil-Pel: fora do empate em 1 a 1 com o Aimoré, Cirilo, Leandro Leite e Washington retomam a titularidade. Na frente, a esperança é Nena, autor de quatro gols no Gauchão. O Xavante atuará com: Luiz Muller, Raulen, Fernando Cardozo, Cirilo e Wender; Leandro Leite, Washington, Márcio Hahn e Cleiton; Alex Amado e Nena.
HEADER quem esta fora 690 (Foto: Infoesporte)


Internacional: as dores musculares na coxa direita persistem, e o zagueiro Juan segue fora. 
Brasil-Pel: Gustavo Papa se recupera de uma lesão no quadril. Rafael Forster e Túlio Souza cumprem suspensão pelo terceiro cartão amarelo. 
HEADER ultimo confronto 690 (Foto: Infoesporte)



Inter e Brasil de Pelotas não se enfrentam há quase sete anos. A última vez ocorreu no dia 10 de março de 2009. Na ocasião, mesmo atuando fora de casa, o time, então comandado por Tite, não teve piedade e aplicou 7 a 0. Andrezinho (duas vezes), Magrão, Nilmar, Taison, Alecsandro  e Danilo Silva garantiram o triunfo colorado.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

COM A CARA DE LUAN: JOVEM BRILHA, GRÊMIO BATE NACIONAL-COL E É LÍDER

Porto Alegre, Brasil / Arena do Grêmio,Terça-Feira, 25/02/2014 - 22:00
Grêmio3x0Nacional de Medellín
FASE DE GRUPOS - 2ª RODADA

Em jogo duro na Arena, garoto de 20 anos marca gol e tem grande atuação. Placar de 3 a 0 tem gols de Ramiro e Alan Ruiz, que entrou na vaga do meia

A CRÔNICA
por GloboEsporte.com







Luan mal tinha um ano de idade. Devia estar aninhado entre lençóis na noite de 30 de agosto de 1995, quando o Grêmio enfrentara pela última vez o Nacional de Medellín, conquista do bicampeonato da América. Mas, nesta terça-feira, na Arena, que sequer existia naquela época, Luan mostrou que cresceu. A ponto de ser capaz de devolver ao torcedor gremista - 33.640 presentes - o sentimento guardado há 19 anos, de que é possível pensar no tricampeonato. Está certo que é apenas o começo, não só da carreira de Luan como da 15ª participação tricolor na Libertadores. Mas o 3 a 0 em Porto Alegre, gols do jovem meia-atacante, de Ramiro e Alan Ruiz, não deixa de ser promissor. Afinal, combinada à vitória na estreia em Montevidéu, alça o time de Enderson Moreira à liderança isolada do Grupo 6, que ainda conta com o Nacional-URU e o Newell's Old Boys.

Numa noite não só de Luan, é verdade. Foi a vez de outros talentos que mal deixaram a adolescência brilharem. Como Wendell, Ramiro e Alan Ruiz. O primeiro gol foi polêmico, enfureceu os catimbeiros, mas também habilidosos, colombianos. Luan aproveitou lançamento do pequeno volante, que inicialmente se destinava a Riveros. O paraguaio, no entanto, optou por não participar do lance. Abriu, portanto, a brecha para o árbitro Patricio Polic validar a jogada. E para Luan se consagrar. Para quem achava que Gauchão não poderia ser parâmetro, o menino de 20 anos comprova que também pode ser o Luan da América. O mesmo vale para Wendell, o lateral cruzou para Ramiro igualmente ser recompensado pela rotina de garçom e anotar o seu, num jogo com contornos de tensão pela postura ofensiva de um rival sem medo. Aos 43 do segundo tempo, a promessa argentina Alan Ruiz, que entrara na vaga de Luan, fechou o placar.
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Reveja os lances do jogo no Tempo Real
Confira a tabela completa da Libertadores

Agora, brasileiros e colombianos dão um tempo na Libertadores. O Grêmio volta as atenções ao Gauchão, no qual lidera a sua chave nove pontos à frente do segundo colocado. No sábado, visita o São Paulo-RS, provavelmente com time misto. Pensará no torneio continental em duas semanas, quando recebe o Newell's Old Boys em 13 de março. Já o Nacional enfrenta o Pasto no domingo, em Medellín, pelo campeonato nacional. Pela Libertadores, duela com o Nacional, do Uruguai, também em casa, dia 11.

Luan marca e recebe o carinho dos também destaques Ramiro e Wendell (Foto: AFP)

Luan, a cara do Grêmio

Papel picado decorando o campo perto das traves, torcida inflamada e um jogo duro, de três cartões amarelos por lances ríspidos em 19 minutos. O confronto começou com a cara da Libertadores. E sempre com o Grêmio pressionando. Um Grêmio, aliás, que manteve a cara da estreia vitoriosa sobre o Nacional-URU. Enderson Moreira levou ao gramado desta vez impecável da Arena os mesmos três volantes, deixando o novato Dudu no banco.

O meia-atacante, ex-Dinamo, até estava cotado para iniciar. Mas, de qualquer forma, o talento de que tanto o Grêmio precisava já estava entre os 11 eleitos. É Luan, o garoto-sensação desse início de temporada. Até o árbitro chileno apitar para a bola rolar, o jovem de 20 anos tinha dois gols e duas assistências em nove partidas. Ou melhor, três gols. Porque Luan é a cara desse Grêmio renovado de 2014, que estende a mão para a base e busca em casa suas soluções. Antes de marcar, no entanto, Luan mostrou que encarana o espírito da Libertadores. Fizera falta dura sobre Bernal, levando amarelo aos cinco minutos. Aos 19, o esquentado volante colombiano revidou e acabou igualmente amarelado. Eis que, finalmente, aos 28 minutos, Luan acrescenta o terceiro gol a sua promissora estatística.

O gol, na verdade, nasceu com toda a cara de replay. Assim como em Montevidéu. Ramiros lançou Riveros. Desta vez, no entanto, o volante paraguaio não mergulhou na bola. Usou a cabeça de outra maneira. Refugou e dispensou o toque. Estava impedido. Luan, não. Vindo de trás, como uma lança, um raio, um meteoro. Do nada, surgiu na frente de todos. E encobriu Martínez. Golaço. Com a cara do esquema repleto de volantes voluntariosos e eficientes. Com a cara de Luan, que é promessa de bom futebol, mas também esperança de tricampeonato da Libertadores.

À moda colombiana: Nacional se joga ao ataque

Que quase virou fumaça em chute violento de Cardona, que vence Grohe, mas só balança a rede pelo lado de fora. Mas Luan não deixaria o seu primeiro tempo terminar com outro símbolo se não ele próprio. Aos 45, emendou calcanhar, tabelou com Zé Roberto e, ao dividir com o goleiro, só não marcou de novo porque o zagueiro salvou na pequena área. E o primeiro tempo terminou como começara: com os colombianos catimbando e reclamando da arbitragem, embora também tivessem mostrado bom futebol, dominando a posse de bola.

- Eu saí de trás, vi que não estava impedido - explica Luan, sobre o gol inaugural, com a sua já costumeira timidez.

- Temos que ficar com a possa de bola no segundo tempo - pediu o bom lateral Wendell.

Luan tenta, Ramiro decide

O plano, no entanto, fracassou. O Nacional voltou melhor. Empilhou chances claras de gol e parecia ter feito da Arena o histórico Atanasio Girardot. A principal oportunidade se deu logo a um minuto. Uribe invadiu a área e, ao tentar driblar Grohe, parou nos pés do goleiro. O perigo não passou. A bola aérea rival virou tormento. De tão visitante que o Grêmio se tornou na etapa final, as melhoras chances foram em contragolpes, como aos seis minutos, com Riveros lançando Barcos, que desperdiçou.

O desafogo só chegava quando Luan tocava na bola. Aos 16, atirou cruzado para Martínez agarrar. No minuto seguinte, roubou do zagueiro e cruzou para Zé Roberto tentar de voleio. Novamente, o goleiro salvou. Quando marcaram Luan, os colombianos se esqueceram de outra joia. Wendell ganhou o fundo, cruzou e aos 19 minutos, Ramiro, em chute de primeira, deixou a vida de garçom na Libertadores: 2 a 0. A Arena, receosa, voltou a pulsar. Ainda mais quando Alan Ruiz, aos 43, que entrou na vaga de Luan, fez bela jogada individual e ampliou. Para confirmar que os garotos também podem ter a cara da Libertadores e escreverem uma nova história tricolor sobre o Nacional de Medellín.




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times
4-4-2

GOLMARCELO GROHE
LADPARÁ
ZADWERLEY
ZAERHODOLFO
LAEWENDELL
VOLEDINHO
VOLRAMIRO
VOLRIVEROS
MECMAXI RODRÍGUEZ
MECZÉ ROBERTO
MECDUDU
ATALUAN
MECALAN RUIZ
ATABARCOS
TECENDERSON MOREIRA
4-4-2

GOLLUIS MARTÍNEZ
VOLDANIEL BOCANEGRA
ZADSTEFFAN MEDINA
ZADOSCAR MURILLO
LAEJUAN DAVID VALENCIA
MECALEJANDRO BERNAL
VOLALEXANDER MEJÍA
MECSHERMAN CÁRDENAS
MECCARDONA
ATAFERNANDO URIBE
ATASANTIAGO TRELLEZ
ATAORLANDO BERRÍO
LAEFARID DÍAZ
TECJUAN CARLOS OSORIO


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GRENAL: Maior goleada oficial é do Inter


05 de fevereiro de 201463
O Internacional aplicou uma goleada de 7 a 0 no Grêmio em 1948, na partida final do campeonato da cidade de Porto Alegre. O jogo foi realizado no campo do clube tricolor. Era a época do “Rolo Compressor”.
A rapidez das jogadas e os arremates fortes do Colorado fizeram a rede do Grêmio balançar sete vezes com 4 gols de Villalba, dois de Carlitos e um de Roberto.
Até hoje, esta é a maior goleada da história do Internacional sobre o rival. Sendo que desde a profissionalização do futebol no estado, essa é a maior goleada em grenais.
RoloCompressor_1940


Ídolos colorados: Iarley






 
Mundial Interclubes  © 2006
O antropólogo Roberto DaMatta tem uma visão utópica e, até certo ponto, romântica do futebol. Para ele, dentro das quatro linhas, o esporte retrata o ideal democrático que um país como o Brasil deve buscar. Durante aqueles 90 minutos, não importa a cor, as origens, tampouco a condição financeira de todos os envolvidos no universo daquela disputa; o que realmente adquire significado é a capacidade do jogador em trabalhar pelo coletivo – e aqui, creio eu, não nos referimos apenas aos 22 atletas em campo, mas também aos torcedores das equipes envolvidas.
Roberto afirma ainda que fenômeno parecido e dessa dimensão talvez só tenha ocorrido no jazz de um Estados Unidos, na época, completamente segregado. Ali, negros e mestiços deixaram de ser híbridos e passaram a ter voz e, sobretudo, influência. Dessa forma, o maior mérito deste esporte é nos mostrar que assim como não vencemos sempre, não sairemos sempre derrotados: a dualidade entre vencer e ser derrotado é tão imprevisível como as duas faces de uma moeda. E, claro, o mundo é tão inconstante quanto uma bola rolando.
Hoje, Iarley é provavelmente um dos jogadores que melhor pode simbolizar esse ideal de coletividade. Prova disso é que o grande lance de sua carreira não está entre os inúmeros gols que marcou, mas sim em um passe para um companheiro que, até instantes antes de receber aquela bola, tinha o peso do mundo em suas costas.
Em entrevista ao Impedimento, o cearense de Quixeramobim relembra o início nos gramados, a marcante passagem pelo Boca Juniors e o encontro com Maradona, os grandes jogos pelo Paysandu e, claro, um certo jogo em dezembro de 2006. Em determinado momento, Iarley também não esconde a emoção ao relembrar sua saída do clube gaúcho. Confira abaixo:
Tu lembra do seu primeiro contato com uma bola de futebol?
Lembro dos tempos de colégio. Levava uma bola dentro da mochila e depois da aula, antes de ir para a casa, brincávamos ali mesmo. Tinha um campinho perto do colégio. Era algo que fazia parte da nossa rotina. Toda minha infância foi estudando e jogando bola, só fazia isso (risos).
Você nasceu em Quixeramobim, interior do Ceará. Como foi o início da sua carreira?
Foi difícil, mas tranquilo. Já conhecia Fortaleza, passava minhas férias aqui. Antes de ir para o Ferroviário, morei um tempo no Ceará. Ainda faltavam alguns meses para terminar os estudos e estava de férias. Isso em 1991. Voltei para Quixeramobim para os meus pais assinarem a autorização para que pudesse jogar e terminar o colégio em Fortaleza, mas minha mãe não deixou. Ela queria que eu terminasse os estudos em Quixeramobim. Mais tarde, quando fui passar férias na casa dos meus familiares, o meu tio que era gerente da antiga Reffsa (extinta Rede Ferroviário Federal S.A), onde a maioria era torcedor do Ferroviário, ligou para um diretor do clube. Ele veio correndo com uma ficha e no outro dia eu já estava treinando.

Então foi no Ferroviário que você começou definitivamente?
Sim. Em 1994 ingressei no profissional. Só que não tive muitas oportunidades, era um time muito forte. Tinha Batistinha, Cícero Ramalho, Acácio… Eu era um garoto novo e tinha que esperar minha vez, só que eu era muito impossível (risos). Não parava quieto. Cheguei para falar com o presidente, mas soube que o Dr. Walmir Araújo (presidente do Quixadá) estava por lá. Pedi para que ele me contratasse. Fui a revelação do Campeonato Cearense e um grupo de empresários acabou comprando meu passe.
Você não teve o mesmo “sucesso” durante sua passagem pela Europa. O que tu acha que faltou para estourar por lá?
Foram problemas extra campo. Eu era uma das grandes promessas do futebol espanhol naquela época, mas existiram problemas envolvendo meus empresários, em termos de valores mesmo. Existiam clubes grandes querendo comprar meu passe. Mas, cara, rolaram muitos problemas. Problemas de todo o tipo, questões de passaporte, contratos, enfim, diversos empecilhos. Então tomei a decisão de vir embora. Quando retornei, estava bem consciente, tranquilo, de começar de novo. Recomecei minha carreira e tinha a convicção de que poderia fazer coisas ainda muito importantes no futebol. Como a chance de jogar no Ceará, meu clube do coração. Hoje, acho que o não “dar certo” na Espanha acabou sendo fundamental para o que veio posteriormente em minha carreira.
E como foi vestir a camisa 10 de um clube como o Boca Juniors?
No momento em que cheguei na Argentina, vindo do Paysandu, era um jogador desconhecido. E o Bianchi, naquela semana de treino, estava definindo a numeração dos jogadores. Ele me chamou em um canto e disse: “Vou te dar a camisa 10 do Boca”. Um tempo depois, fiquei sabendo que ele se surpreendeu com minha reação; eu respondi algo como “Tudo bem! Beleza, tranquilo”. Mas foi natural, ainda não tinha a real noção do que significava a camisa 10 para eles. Lógico, eu sabia que o Maradona a tinha vestido, mas não tinha a verdadeira dimensão de toda essa representatividade. Pelo número, eu acreditava que era “só” a camisa que o Maradona tinha vestido, assim como o Pelé vestiu a 10 do Santos e, depois, todo mundo começou a vestir. Só que lá a ênfase dada a toda esta, digamos, simbologia é bem maior que por aqui. É algo “santo”, uma verdadeira loucura. Tanto que no início ouvi inúmeros debates do tipo “Por que um brasileiro está vestindo a 10 e não Tévez?”. Mas a partir do momento em que fui atuando, fui jogando bem, essa desconfiança foi sumindo e fui muito bem aceito.
O começo foi mais fácil do que você esperava? O fato de tu ter marcado com o Paysandu em plena La Bombonera, um ano antes, ajudou a aliviar essa pressão inicial?
Sem dúvida. O próprio Bianchi me disse algo que ficou marcado: “Não é qualquer jogador que vem aqui na Bombonera e faz o que você fez”. Eu ainda era desconhecido, lógico, mas tinha esse “cartão de visitas”.
Após a apresentação, tu entrou no vestiário e deu de cara com o Maradona…
Normalmente sou um cara muito tranquilo, na minha. Mas Maradona, Pelé, são nossos ídolos. Senti um prazer muito grande de fazer parte da história do Boca, do próprio Maradona estar ali, e você ver com seus olhos que o cara é fora de série. Na época, ele já enfrentava aquele declínio físico, estava gordão mesmo (risos). E mesmo assim, com a canhotinha, fazia coisas que você não acredita, que não há como explicar. Só Deus para fazer um cara jogar daquela maneira, com a qualidade que ele tem. É a única explicação que consigo encontrar.
Teu grande jogo foi aquele 2 a 0 contra o River, no Monumental? Acho a segunda melhor atuação da sua carreira.
É algo que me impressiona até hoje. Foi um jogo em que tudo deu certo. Tudo! Os caras não conseguiram me parar. Depois desse dia, eu passei a ser um jogador muito mais respeitado na Argentina; em um River x Boca existe uma pressão absurda, nunca vi nada igual. Lá, por se tratar de um país onde o futebol é mais polarizado, a Argentina realmente para. Não é como aqui, um país de dimensões continentais, com rivalidades mais regionalizadas. Na semana do jogo, só se fala nele, onde você vai, as pessoas estão falando sobre o clássico. A pressão é fora do comum. Naquele dia o Monumental estava lotado, 70, quase 80 mil pessoas. Quando eu marquei, algo que nunca esqueço, foi nossa torcida cantando “Olé, olé, irmão do Pelé”. Para mim, rolou muita coisa bacana nesse jogo e depois dele fiquei muito mais à vontade. Um clássico tem esse poder, quando você vai bem, acaba caindo nas graças da torcida. E, em geral, acho que sempre tenho mais lembranças boas do que ruins de jogos importantes. Sempre senti que fui querido pelas torcidas dos clubes que passei.
O que o Bianchi tem de tão especial?
Não tem nada demais. E esse é o segredo dele. Ele é um cara sério, correto e extremamente honesto com os jogadores. Você não vê um indício de atrito no vestiário, você não vê discussão. Ele tem total domínio do grupo. É isso que prevalece. Ele não é um “professor pardal”, não existe isso. Você pode ser bom taticamente, mas se você não for bom em controlar egos não adianta nada, o cara simplesmente não vai fazer o que você está pedindo.
Boca x River ou Gre-Nal? Quais as diferenças entre eles?
Boca e River é maior no sentido de que você sempre, sempre pode esperar apoio de sua torcida. Não importa a situação em que o clube chegue no dia do jogo. Tu pode estar atolado que durante os 90 minutos, não importa o que aconteça, a torcida não te deixa na mão. Diferente da torcida brasileira. E é o torcedor brasileiro em geral, não falo de um clube específico. O brasileiro é mais impaciente. Se em 15 minutos você não fez nada, já está xingando (risos). Até absorvemos alguns elementos deles, como o estilo de torcer e até mesmo na estética da torcida. Mas ainda estamos longe nesse sentido de apoio durante o jogo.
Voltando um pouco no tempo, aquela Libertadores de 2003 pelo Paysandu foi incrível. O grande jogo foi aquele 1 x 0 na Bombonera. Parecia que estava tudo encaminhado, mas vocês perderam a volta. O que houve?
Estávamos preparados, nosso time estava bem, tudo perfeitamente organizado. Então foi o futebol, os 90 minutos. Foi uma partida em que falhamos muito e estávamos enfrentando uma equipe muito experiente, com jogadores acostumados a decisões. Diante das circunstâncias até fizemos um bom jogo mas, repito, erramos demais. Demos dois pênaltis, proporcionamos contra-ataques infantis, perdemos bolas bobas. Olhando o jogo em si, hoje você enxerga o que poderia ter feito diferente, mas é algo restrito aos 90 minutos. No “extra campo” não nos faltou nada. Assim como ganhamos fora de casa, poderíamos perder na nossa casa. E o Boca quando jogava fora era tão forte quanto na Bombonera. Até alertei para isso, mas infelizmente não conseguimos vencer. E, claro, foi o jogo da vida do Schelotto.
Se aquele Boca x River é  a tua segunda melhor atuação, Inter x Barcelona foi o grande jogo da tua vida, não é?
Sem dúvida! Sabe, aquela jogada vinha sendo trabalhada na minha cabeça desde o início do segundo tempo. E eu tinha consciência de que talvez só tivéssemos uma chance. Nós também já tínhamos percebido que o Fernandão não iria aguentar o jogo todo, estava extenuado, em seguida o próprio Pato já havia sido substituído. Mas em nenhum momento pensei em empatar para levar para os pênaltis, longe disso. Era nítido que o Barcelona retinha a bola de uma forma incrível, mas também podíamos sentir que eles não tinham tanta velocidade lá atrás. O Rafa Márquez e o Puyol, claro, eram zagueiros extremamente técnicos, mas não eram rápidos. E eu estava com uma explosão enorme, sentia que nós precisávamos apenas de um contra-ataque. Mas com a saída do Fernandão, complicou um pouco. Era o Fernandão, nosso capitão, então claro que pensamos “Caralho! Ferrou, saiu o Fernandão!”. Mas eu pensava “vou segurar a bola, prender ela o máximo que eu puder” porque, amigo, o Luiz Adriano é muito rápido. E o Gabiru dentro de campo tem uma inteligência sobrenatural. Acho que com ele Deus tirou tudo que ele podia ter fora de campo, e proporcionou para ele dentro das quatro linhas. Ele se desmarcava com uma facilidade, era fácil tabelar com ele. Quando ele entrou, ele disse que ficaria perto de mim, e pensei em usar o Luiz Adriano para ganharmos aquele jogo. O Índio rifa a bola, os moleques ganham no ar, e a bola cai no meu pé. No instante em que driblo o Puyol, vejo o Luiz do lado direito, arrancando. Só que ele estava muito aberto. A jogada com ele seria para um cruzamento, não para finalizar. E pra quê cruzar se não tínhamos o Fernandão na área? Eu estava esperando alguém chegar, ou na pior das hipóteses, tentar infiltrar e eu mesmo finalizar. Mas aí o Gabiru passou rápido, e naquela velocidade ninguém alcançaria ele. Não tive dúvida. Ele estava mais centralizado e eu acertei o passe. E o resto agora é história.
Ainda acho que tudo não se restringe a “apenas” uma ótima atuação: como tu mesmo disse, o Fernandão, diante de toda representatividade dele, tinha saído extenuado, o Pato, grande esperança da época, já havia sido substituído. Tu assume a braçadeira de capitão e além da jogada do gol, há outro lance que eu acho fundamental. No final do jogo, tu prende a bola por quase três minutos na linha lateral…
Precisava fazer aquilo, ninguém mais tinha perna (risos). Mas uma frase do Ronaldinho ainda está gravada na minha memória: “Tomem a bola! Vamos, o tempo está passando”. Ele grita para o Deco, que grita para o Beletti. E eles tentam falar para quem estava na jogada tomar a bola de qualquer forma. Tudo dava certo, eles não conseguiam e eu via o desespero nos olhos deles. E, olha, foi incrível!
Recordo de um bate-papo de vocês já prontos para o jogo. Tu fala e então o Fernandão diz algo como “Quem de nós vai ter outra chance de ser campeão do mundo? Esse pode ser o nosso auge”. Foi algo que não notei, por exemplo, no Inter de 2010 e no próprio Santos de 2011. Mas, por outro lado, o Corinthians de 2012 também tinha uma atmosfera parecida. A diferença em uma situação como essa é a vontade?
Me ajudou muito o fato de eu já ter estado lá com o Boca em 2003. De já ter vivido algo como aquilo. E o que isso me trouxe logo depois. Então, acho que conseguimos transmitir para eles que era uma oportunidade única na vida deles. Eu era um sortudo por estar voltando lá, mas é algo muito difícil ter outra oportunidade como aquela. E fechamos o grupo de uma maneira que motivação não faltou. Lógico, nada disso é fator determinante para você ganhar o jogo, mas o fato de você estar motivado e preocupado em fazer tudo correto na parte tática, estudar o adversário, faz com que suas chances aumentem. Em um partida “comum”, quando você vai entrar para o jogo, o treinador passa um pouquinho do adversário e você vai para partida. Naquele jogo, não. Estudamos horas e horas. Todos assistimos o jogo do Barcelona contra o América (MEX) uma infinidade de vezes. E ali foi um dos momento em que começamos a ganhar o título. O fato de nossa semifinal contra o Al-Ahly ter sido um jogo duro nos ajudou muito, porque o Barcelona achou que poderia encontrar algo parecido como contra o América (MEX). E eu tinha certeza que se a gente marcasse primeiro, não perderíamos aquele jogo, eles iriam sofrer para entrar na nossa defesa. E o momento em que nosso gol acontece, foi perfeito. Talvez se tivesse saído no primeiro tempo, teríamos sofrido mais, eles poderiam ter vido com tudo para cima.
Outro lance emblemático, quando o jogo ainda estava 0 x 0, é o momento em que o Índio e o Edinho sobem na mesma bola e então o Índio acaba fraturando o nariz. Mas mesmo assim volta instantes depois…
Em um jogo como aqueles, não tinha espaço nem para respirar. Na hora, todo mundo falou: “Vamos, Índio! Isso não é nada!”. E ele, guerreiro que como é, voltou – até porque o Fernandão estava sentindo. Essa é a grande diferença entre ser ou não campeão. Um cara como o Índio volta com o nariz estourado e hoje em dia tem moleque que fica fora por causa de “contratura muscular”.
Nós já falamos do Bianchi, mas e o Abel? Qual a importância dele naquele jogo?
O Abel foi 50% desse título. 50% do Abel e 50% nosso. Não tem como você diminuir a importância dele. O Abel é um treinador da velha guarda, mas que não tem problema nenhum em ouvir os jogadores, em trocar ideias. Tanto é que partiu do Fernandão propor a ele que adiantássemos a marcação no Motta para dificultar a saída de bola do Barcelona. Se os zagueiros saem tocando lá atrás e essa bola chega nos meias com qualidade, correríamos como bobos atrás deles. Então fizemos eles rifarem a bola, porque o Edinho e o Índio nunca iam perder na bola aérea.
Tu ainda mantém contato com alguém daquele grupo?
Com o Fernandão, o Clemer… O Alex e o Índio também. Com o Edinho ainda trocamos telefonemas quando surge a oportunidade. Mas, em geral, só com eles.
O que tu achou da forma como foi tratada essa última saída do Fernandão do Inter?
Fiquei triste, claro. Ele é uma pessoa com uma história enorme no clube. Então me senti tão triste como quando saí. No meu caso, eu sabia que o ciclo estava chegando ao fim, mas é preciso observar a maneira como você é tratado. Às vezes falta um pouco de tato, sabe? Você poderia ser chamado e te comunicarem o que está acontecendo, o que o clube está pensando. Fazer um jogo de despedida, talvez. E então você segue sua vida, sem problemas. Mas comigo não houve nada disso. Em um dia os caras falam que há jogadores jovens chegando. Mas e daí? Na minha época venderam o Pato, o Sóbis, o Luiz Adriano… Não somos empecilho para que jovens jogadores possam surgir. O que posso fazer, como acho que fiz com o Pato, é ajudar, dando conselhos, passando um pouco de experiência. Você não pode simplesmente dizer “tem outros caras surgindo e você tem que sair”. Esse tipo de justificativa não me serve. O Gabiru, por exemplo, não foi comunicado de nada. Um dia ele simplesmente foi colocado em uma lista de dispensa. O cara que fez o gol do título mais importante da história do clube, chega para treinar e vê seu nome em uma lista de dispensa. Sinceramente, não entendo o que acontece.
Hoje, como você está enxergando este seu retorno ao Papão após 10 anos? Quais ainda são seus objetivos como jogador?
A minha relação com o Paysandu é de gratidão extrema. Quando cheguei havia muita coisa que precisávamos melhorar e queria ajudar nesse processo. O time está precisando de ajuda, tentando resgatar nosso torcedor. Quero usar minha imagem justamente para isso, para auxiliar nesse processo. E como jogador, ainda me sinto importante, ainda tenho alegria para jogar e me divirto. E, bom, vou seguindo até onde der. Quando parar, posso assumir outra função. De repente, até auxiliar técnico, dirigente… Enfim, vou continuando. A minha meta agora é cumprir meu contrato até o final de 2013. Então no final do ano analisamos o que é melhor. Desde os 35 anos faço isso, contratos de um ano e em dezembro reflito sobre o que será melhor para minha carreira. Por enquanto vou seguindo… Quem sabe até os 50 (risos).
A foto é do site do Inter.

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