O Octacampeonato Gaúcho
Em 1976, o Internacional conquistou o Octacampeonato Gaúcho, maior série de títulos consecutivos no Estado, ganhando todos os campeonatos regionais de 1969 a 1976. Foi um grande feito alcançado pelo Internacional, que superou o heptacampeonato do seu rival Grêmio, até então, a maior sequência. Os anos 70 seriam ainda mais alegres para o torcedor colorado, que ainda veria seu time ser tricampeão brasileiro. O bom período ainda consagrou grande parte dos maiores ídolos da história colorada, como Paulo Roberto Falcão, Figueroa, Carpegiani e Valdomiro.
No título gaúcho de 1969, o Internacional terminou a competição no primeiro lugar, com nove vitórias e quatro empates em 14 jogos disputados na fase final de grupos. Já em 1970, fez uma campanha irretocável que não contabilizou nenhuma derrota na última etapa da competição, somando 42 pontos, aproveitamento que também rendeu o título. No ano seguinte, a equipe colorada ficou três pontos à frente do Grêmio e levantou a taça do tricampeonato. Em 1972, o Internacional saiu novamente vitorioso na fase final: em 18 partidas, foram 16 vitórias e dois empates. A invencibilidade colorada na fase quente do campeonato estadual se repetiu em 1973, quando o time venceu nove jogos e empatou dois.
Legenda da foto:
1ª fila: Gentil, Gilberto Tim, Otacílio, Hermínio, Mujica, Claudio, Ilo, Schneider, Manga, Gasperim, Marinho, Figueroa, Gardel e Osmar.
2ª fila: Mottini, Duran, Valdomiro, Chico Fraga, Beretta, Tadeu, Falcão, Rubens Minelli, Vacaria, Dario, Valdir, Zé Maria, Escurinho e Alexandre.
3ª fila: Claudio, Batista, Luiz Fernando, Borjão, Pedro, Jair, Paulo César, Caçapava, Lula, Moura e Antonio Rosa.
2ª fila: Mottini, Duran, Valdomiro, Chico Fraga, Beretta, Tadeu, Falcão, Rubens Minelli, Vacaria, Dario, Valdir, Zé Maria, Escurinho e Alexandre.
3ª fila: Claudio, Batista, Luiz Fernando, Borjão, Pedro, Jair, Paulo César, Caçapava, Lula, Moura e Antonio Rosa.
O ano impecável foi em 1974. O torneio, que reuniu dez equipes, teve turno e returno. Em 18 partidas, o time colorado venceu todos os confrontos – marcou 43 gols e sofreu somente dois, coroando um título incontestável. No ano de 1975, após o quadrangular final entre Inter, Grêmio, Santa Cruz e Caxias terminar com empate de pontos entre a dupla Gre-Nal, ocorreu a finalíssima no Estádio Beira-Rio. O Internacional venceu o clássico por 1 a 0 e sagrou-se campeão. Com uma fórmula diferenciada das demais, o Gauchão de 1976 teve três turnos, sendo que o Grêmio foi campeão do primeiro e o Inter campeão dos dois subsequentes. Na final, a equipe colorada tinha a vantagem do empate, mas fez melhor: bateu o rival na decisão por 2 a 0, com gols de Lula e Dario, e conquistou o octacampeonato gaúcho.
A década das maiores glórias no Brasil
Foi na década de 1970 que o Internacional mostrou quem era o maior clube do Rio Grande e do Brasil. O novo Estádio Beira-Rio correspondeu à expectativa da fanática torcida e foi palco para uma das melhores épocas vividas pelo Campeão de Tudo no futebol nacional. Em 1975, com uma emocionante vitória sobre o Cruzeiro, no Beira-Rio, o Colorado colocou a primeira estrela de ouro no peito. O único gol da partida foi marcado pelo zagueiro Elias Figueroa. O Inter era campeão brasileiro pela primeira vez na sua história!
A primeira vez é inesquecível!
A primeira vez é inesquecível!
Figueroa salta para marcar o antológico 'Gol Iluminado'
Para conquistar o título tão desejado, o Internacional começou a montar o time vencedor de 1975 um ano antes. Do Fluminense veio o ponta-esquerda Lula, e do Nacional de Montevidéu, o goleiro Manga chegou para ser o titular absoluto. Já no ano da conquista, os atacantes Flávio Almeida da Fonseca e Flávio Bicudo desembarcaram em Porto Alegre oriundos do Porto, de Portugal. Mas a grande estrela desse vitorioso time já estava no Colorado desde o final de 1971.
Atuando entre os anos de 1972 e 1976 no Internacional, Elias Figueroa foi comandado pelos técnicos Dino Sani e Rubens Milnelli, ganhou campeonatos regionais e dois brasileiros. Considerado um dos melhores zagueiros da época, Dom Elias deu nova dimensão ao futebol do Internacional. Ídolo da torcida, ele foi o capitão de um feito inédito para os colorados em uma campanha na qual o time não só venceu, mas encantou o país.
Atuando entre os anos de 1972 e 1976 no Internacional, Elias Figueroa foi comandado pelos técnicos Dino Sani e Rubens Milnelli, ganhou campeonatos regionais e dois brasileiros. Considerado um dos melhores zagueiros da época, Dom Elias deu nova dimensão ao futebol do Internacional. Ídolo da torcida, ele foi o capitão de um feito inédito para os colorados em uma campanha na qual o time não só venceu, mas encantou o país.
Time base da conquista do Brasileirão de 1975 (foto: Site Milton Neves)
Foram apenas três derrotas em todo o campeonato e muitas vitórias que estão até hoje na memória de muitos torcedores. Na semifinais, o Internacional bateu o Fluminense em pleno Maracanã. E olha que não era um Fluminense qualquer. Craques como Rivelino e Paulo César Caju faziam parte daquela equipe. O resultado foi 2 a 0 para o Internacional, com gols de Lula e Carpeggiani. Depois disso foi só esperar a final.
Inter venceu o poderoso time do Fluminense no Maracanã e avançou à final em 75
O Beira-Rio lotou para ver as duas melhores equipes do Brasil. Ou Inter ou Cruzeiro, apenas uma sairia campeã. O time de Minas Gerais tinha armas poderosas: Nelinho, Piazza, Zé Carlos e Palhinha eram algumas. Todos sabiam que o jogo seria decidido em detalhes.
Figueroa ergue a taça da primeira conquista nacional do Inter |
Ao 11 minutos do segundo tempo, Piazza fez falta em Valdomiro ao lado da área. O próprio Valdomiro ajeitou a bola para a cobrança. Quando o atacante bateu na bola, os torcedores colorados presenciaram um capítulo da história do Campeão de Tudo sendo escrito.
O inesquecível Figueroa subiu mais alto que a zaga cruzeirense e desviou de cabeça. No momento do cabeceio, um facho de luz único naquele setor do gramado, oriundo do pôr-do-sol no Guaíba, iluminou o zagueirão. Apesar do imenso esforço do goleiro Raul, a bola acabou no fundo das redes. Delírio no Gigante da Beira-Rio! O 'Gol Iluminado' estava feito e o 1 a 0 permaneceria até o final do jogo. Inter, campeão brasileiro!
Inter 1 x 0 Cruzeiro14 dezembro de 1975, no Beira-Rio
Internacional: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio, Chico Fraga; Caçapava, Falcão, Carpegiani ; Valdomiro (Jair), Flávio e Lula. Técnico: Rubens Minelli.
Cruzeiro: Raul; Nelinho, Darci Menezes, Morais, Isidoro; Piazza, Zé Carlos, Eduardo; Roberto Batata, Palhinha e Joãozinho. Técnico: Zezé Moreira.
Gol: Figueroa, aos 12 minutos do segundo tempo.
Árbitro: Dulcídio Wanderlei Boschila.
Internacional: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio, Chico Fraga; Caçapava, Falcão, Carpegiani ; Valdomiro (Jair), Flávio e Lula. Técnico: Rubens Minelli.
Cruzeiro: Raul; Nelinho, Darci Menezes, Morais, Isidoro; Piazza, Zé Carlos, Eduardo; Roberto Batata, Palhinha e Joãozinho. Técnico: Zezé Moreira.
Gol: Figueroa, aos 12 minutos do segundo tempo.
Árbitro: Dulcídio Wanderlei Boschila.
Figueroa desvia de cabeça e garante o primeiro título nacional para o Inter
Campanha de 1975 |
30 jogos 58 pontos ganhos 19 vitórias 8 empates 3 derrotas 51 gols-pró 12 gols contra |
O bicampenato nacional
Em 1976, o Internacional manteve a base vitoriosa do ano anterior. O clube colorado chegou de novo ao topo do futebol brasileiro. A conquista do bicampeonato foi em cima do Corinthians. Valdomiro foi o grande nome da partida, marcando um gol e sendo decisivo em outro, como fora no gol de Figueroa no ano anterior. Também em 1976, o Inter teve outra importante conquista. Desafiado a bater seu próprio recorde e, principalmente, bater a marca do grande rival, o Colorado ganhou o oitavo título gaúcho consecutivo e consolidou o octacampeonato gaúcho, deixando para trás o hepta que o Grêmio havia conquistado em 1968.
Em 1976, o Internacional manteve a base vitoriosa do ano anterior. O clube colorado chegou de novo ao topo do futebol brasileiro. A conquista do bicampeonato foi em cima do Corinthians. Valdomiro foi o grande nome da partida, marcando um gol e sendo decisivo em outro, como fora no gol de Figueroa no ano anterior. Também em 1976, o Inter teve outra importante conquista. Desafiado a bater seu próprio recorde e, principalmente, bater a marca do grande rival, o Colorado ganhou o oitavo título gaúcho consecutivo e consolidou o octacampeonato gaúcho, deixando para trás o hepta que o Grêmio havia conquistado em 1968.
A campanha do Internacional no Campeonato Brasileiro de 1976 foi notável: em 23 jogos, a equipe treinada por Rubens Minelli venceu 19, empatou um e foi derrotada em apenas três oportunidades. O regulamento da competição foi o seguinte: os 54 times foram distribuídos em seis grupos de nove equipes. Todas passaram para segunda fase, sendo que as quatro primeiras de cada um formaram quatro grupos de seis times. Desses grupos, os três primeiros colocados passariam para a terceira fase. Do 5º ao 9º lugar dos grupos da primeira fase, foram formados seis grupos de cinco clubes cada, em que apenas o vencedor disputaria terceira fase. A terceira etapa uniu os classificados em duas chaves de nove times e o primeiro e segundo colocados de cada uma delas disputaram as semifinais. A final foi disputada em jogo único.
Inter decidiu título com o Corinthians
O dia 12 de dezembro de 1976 marcou a finalíssima do campeonato. E foi um clássico: Inter e Corinthians se confrontaram em um Beira-Rio completamente lotado. Aos 29 minutos do primeiro tempo, Dadá saltou alto para cabecear e abrir o placar. Na etapa final, aos 12 minutos, Valdomiro cobrou uma falta, a bola bateu no travessão e cruzou a linha do gol. O árbitro José Roberto Wright, apoiado na informação do assistente Luiz Carlos Félix, validou o gol para a explosão vermelha no Beira-Rio: 2 a 0. A segunda estrela representava a afirmação da maioridade do futebol gaúcho.
Campeonato Brasileiro de 1976 | |
Campeão: Internacional Artilheiro: Dario - Internacional (16 gols) | |
Time base: Manga; Cláudio, Figueroa, Marinho Peres e Vacaria; Caçapava, Falcão e Batista; Valdomiro, Dario e Lula. Técnico: Rubens Minelli. | |
Primeiro turnoInternacional 6x0 Figueirense Internacional 1x0 Palmeiras Grêmio 1x3 Internacional Caxias 2x1 Internacional Avaí 0x4 Internacional Desportiva 1x4 Internacional Santos 1x3 Internacional Internacional 3x0 Rio Branco/ES | |
Segundo turno Fluminense 1x1 Internacional Goiás 0x3 Internacional Internacional 2x0 América/RN Internacional 2x0 Fortaleza Internacional 3x0 Botafogo/SP Terceiro turnoInternacional 0x1 Coritiba Botafogo/SP 1x4 Internacional Internacional 5x1 Santa Cruz Internacional 2x0 Caxias/RS Palmeiras 1x2 Internacional Corinthians 2x1 Internacional Internacional 2x1 Ponte Preta Internacional 3x0 Portuguesa | |
Semifinal Internacional 2x1 Atlético-MG | |
FinalInternacional 2x0 Corinthians | |
Internacional: Manga; Cláudio, Figueroa, Marinho Peres e Vacaria; Caçapava, Falcão e Batista; Valdomiro, Dario e Lula. Técnico: Rubens Minelli. | |
Corinthians: Toblas; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Vladimir; Givanildo, Ruço e Neca; Vaguinho, Geraldão e Romeu. Técnico: Duque. | |
Local - Beira-Rio, Porto Alegre Data - 12/12/1976 Gols - Dario (I), aos 29 min do primeiro tempo, e Valdomiro (I), aos 12 min do segundo tempo. Árbitro - José Roberto Wright Renda - Cr$ 3.200.795 Público - 84.000 pagantes |
Campanha de 1976 |
23 jogos 54 pontos ganhos 19 vitórias 1 empate 3 derrotas 59 gols-pró 13 gols contra |
O tricampeonato invicto em 1979
Em 1979 houve uma mobilização muito grande para recuperar a campanha ruim no Gauchão, quando o Internacional ficou em terceiro lugar. E foi difícil montar uma equipe porque qualquer jogador que o clube colorado estivesse interessado custava o dobro do que poderia pagar. A torcida, insatisfeita, dificilmente poderia imaginar o que viria a seguir. O Inter deu uma incrível volta por cima e trilhou um caminho que jamais foi repetido por qualquer time do Brasil – foi novamente campeão brasileiro, pela terceira vez e sem perder um jogo, invicto.
Muitos jogadores foram trazidos de outros estados e até mesmo do Exterior. Entre eles estão Benitez, Cláudio Mineiro, Bira e Mário Sérgio. Mas somente no Campeonato Brasileiro é que a torcida veria a verdadeira força da nova equipe, que não lembraria nem de perto o time que disputara o Gauchão do mesmo ano. O Inter do técnico Ênio Andrade disputou 23 partidas na competição e não foi derrotado em nenhuma. Os colorados puderam comemorar o título inédito para clubes do Brasil: Campeão Brasileiro Invicto, feito que jamais foi igualado até hoje no nosso futebol.
Torcida colorada no Beira-Rio na década de 70 (foto: Wiktor Lewkowicz)
Era incrível. Os adversários entravam em campo sabendo que seriam derrotados pelo time vermelho. O rival Grêmio também se rendeu, e foi derrotado por 1 a 0, com um gol de falta cobrada por Jair. Mas muitos outros caíram diante do time do Beira-Rio. Entre eles, o temido Palmeiras do técnico Telê Santana, que foi batido em pleno Morumbi por 3 a 2, numa partida exuberante de Falcão. Em Porto Alegre, foi só garantir o 1 a 1 e esperar o Vasco da Gama na final.
No jogo de ida, no Rio de Janeiro, foi a vez do reserva Chico Spina brilhar: o atacante marcou dois gols que praticamente deram o título antecipado ao Inter: 2 a 0. Faltava apenas um jogo para a torcida comemorar o tricampeonato.
No jogo de ida, no Rio de Janeiro, foi a vez do reserva Chico Spina brilhar: o atacante marcou dois gols que praticamente deram o título antecipado ao Inter: 2 a 0. Faltava apenas um jogo para a torcida comemorar o tricampeonato.
Falcão ergue a taça do tricampeonato brasileiro
Finalmente, no dia 23 de dezembro, em um Beira-Rio pulsante, o Internacional se sagraria campeão. Mais uma vitória sobre os cariocas, desta vez por 2 a 1 com gols de Jair e Falcão. A terceira estrela estava posta, brilhante e orgulhosa, no peito de todos os colorados!
Inter 2 x 1 Vasco da Gama23 dezembro de 1979, no Beira-Rio
Internacional: Benítez; João Carlos, Mauro Pastor, Mauro Galvão, Cláudio Mineiro; Batista, Falcão, Jair;Valdomiro (Chico Spina), Bira e Mário Sérgio. Técnico: Ênio Andrade
Vasco: Leão; Orlando, Ivan, Gaúcho, Paulo César; Zé Mario, Paulo Roberto (Xaxá), Paulinho (Zandonaide); Catinha, Roberto e Wilsinho. Técnico: Oto Glória.
Gols: Jair, Falcão (I) e Wilsinho (V).
Árbitro: José Favilli Neto.
Internacional: Benítez; João Carlos, Mauro Pastor, Mauro Galvão, Cláudio Mineiro; Batista, Falcão, Jair;Valdomiro (Chico Spina), Bira e Mário Sérgio. Técnico: Ênio Andrade
Vasco: Leão; Orlando, Ivan, Gaúcho, Paulo César; Zé Mario, Paulo Roberto (Xaxá), Paulinho (Zandonaide); Catinha, Roberto e Wilsinho. Técnico: Oto Glória.
Gols: Jair, Falcão (I) e Wilsinho (V).
Árbitro: José Favilli Neto.
Campanha invicta em 1979 |
23 jogos 37 pontos ganhos 16 vitórias 7 empates 0 derrotas 40 gols-pró 13 gols contra Saldo: + 27 |
Falcão: o grande ídolo da nação vermelha
Ele apareceu no time principal do Internacional em 1973, vindo dos juniores do Clube. Foi promovido por Dino Sani com apenas 18 anos. Depois disso, Paulo Roberto Falcão praticamente eternizou a camisa cinco colorada. Foram três títulos brasileiros e vários gaúchos, o que lhe redeu convocação para a seleção brasileira e até transferência para o Exterior – defendeu a Roma. Clique aqui e saiba mais sobre o jogador.
Falcão: craque da conquista da terceira estrela |
O mestre da conquista: Ênio Vargas de Andrade
Ênio Andrade: o comandante do tricampeonato |
O mestre que levou o Internacional até a conquista do tricampeonato brasileiro, Ênio Vargas de Andrade, o Ênio Andrade (foto), por pouco não teve sua história ainda mais glorificada no Clube. Em 1980, Ênio levou o Inter até a final da Copa Libertadores de América. O Colorado ficou com o vice-campeonato, perdendo para o Nacional por 1 a 0, porém, isso não diminuiu a trajetória vitoriosa de um técnico que fez história no Beira-Rio.