quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Parabéns ao futebol mineiro... aprendamos com eles...



CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO


TENDÊNCIAS/DEBATES
A libertação do futebol mineiro

A receita para o sucesso de Atlético e Cruzeiro é sabida por todos: organização e profissionalismo dentro e fora das quatro linhas

Na bandeira de Minas Gerais, contornando um triângulo de lados iguais e vermelho --cor símbolo das revoluções--, tem-se a expressão "libertas quæ sera tamen" que, para a maioria, é traduzida como "liberdade ainda que tardia".

Desacorrentados de um passado em que o "eixo Rio-São Paulo" dava as cartas no futebol, os clubes mineiros ocupam posição de destaque no futebol nacional e internacional. De 2013 para cá, vencemos quase tudo o que disputamos: Recopa, Libertadores da América, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil.

A receita é sabida por todos: organização e profissionalismo dentro e fora das quatro linhas. Atlético e Cruzeiro, geridos por homens sérios e abnegados, possuem os melhores centros de treinamento do país, jogam em arenas modernas e contam com atraente programa de fidelização de torcedores.

As categorias de base dos dois clubes, com amplo investimento, são campeãs dos mais importantes torneios mundo afora.

Dentro de campo, ambos têm se valido de esquemas táticos altamente ofensivos, destoando do futebol burocrático que vem sendo mostrado pelas demais equipes do país.

De um lado, o Cruzeiro, que demonstra notável regularidade. Inquestionável campeão brasileiro, com duas rodadas de antecedência, após a vitória sobre o Goiás no último domingo (23), lidera o Campeonato Brasileiro desde 2013, quase que de forma ininterrupta.

De outro, o incansável Atlético, que redefine incessantemente o impossível. Conquistou a admiração até de outras torcidas do país após classificações épicas na Libertadores da América de 2013 e na Copa do Brasil deste ano --edição que, inclusive, será decidida entre Atlético e Cruzeiro nesta quarta (26).

O interesse do público mineiro é nitidamente proporcional à altura do espetáculo, mesmo com ingressos cada vez mais caros. Das cinco maiores rendas da história do futebol brasileiro, três foram obtidas em Minas Gerais.

Aos 31 anos, incumbiram-me a responsabilidade de gerir a Federação Mineira de Futebol, tendo tomado posse como o presidente mais jovem da história da instituição. Mais importante que rejuvenescimento etário, é a necessária renovação de ideias, o que buscamos por meio de uma destacada equipe de novos colaboradores.

Do lado de cá das montanhas, nosso futebol não se resume --por óbvio-- a Cruzeiro e Atlético, hoje os dois melhores times do Brasil. Boa Esporte e América disputam o acesso para a Série A do Brasileiro, enquanto o Tombense se sagrou campeão brasileiro da Série D.

Nos nossos 853 municípios, temos dezenas de equipes profissionais ativas, além de mais de 170 ligas de futebol amador, números que favorecem nosso desenvolvimento.

O antigo Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais foi dominado durante décadas por Rio de Janeiro e São Paulo. Libertados, os mineiros foram campeões em 1962, quando, insatisfeitos os que antes dominavam o jogo, resolveram pela sua extinção. Fizeram lembrar a infância daquele garoto que, derrotado, acaba com a brincadeira por ser o dono da bola.

Fica aqui a nossa torcida para que não façam o mesmo com Recopa, Libertadores da América, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil.


CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO, 32, advogado criminalista, é presidente da Federação Mineira de Futebol

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br -www.folha.com/tendencias
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