Marítimo Brasil utiliza estrutura de universidade em Canoas e quer formar atletas para levar à Europa
Por Lucas Bubols — Porto Alegre
26/07/2021 17h28 Atualizado há 22 horas
Os mais de 7,8 mil quilômetros que separam Funchal, em Portugal, e Canoas, no Brasil, encurtaram nos últimos meses. O Marítimo, da 1ª divisão portuguesa, comprou uma estrutura no Rio Grande do Sul para formar atletas de alto nível e levá-los à Europa. E quer mais: o plano é disputar o Campeonato Gaúcho em 2024.
O Sport Club Marítimo Brasil está ativo desde 1º de julho de 2020 e firmou acordo para utilizar o complexo esportivo da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, em novembro.
O projeto de expansão do Marítimo teve início em meados de 2015. Hoje, já são 72 escolas de futebol espalhadas pelo Brasil - 30 somente no Rio Grande do Sul. Há outras unidades no Uruguai, Argentina e Estados Unidos. É a primeira vez que a instituição portuguesa abre um clube em solo brasileiro.
Queremos os meninos treinando nas escolinhas para evoluírem, chegarem na base, jogarem tanto no Brasil quanto em Portugal. Esse é o objetivo do clube: formação de atletas para alto rendimento.
— Mauro Rocha, presidente do Marítimo Brasil
Quem toca o projeto no Brasil é o coordenador Mauro Rocha, que também ocupa o cargo de presidente do Marítimo Brasil. O ex-jogador de vôlei, campeão brasileiro pelo Frangosul, trabalhou por muito tempo ao lado de Bernardinho no ensino do esporte. Hoje, sua função é expandir a marca Marítimo. E o ponto principal está em Canoas.
A estrutura do Marítimo Brasil
Estádio de futebol (capacidade média de 6 mil pessoas)
Parque multiesportivo
Dois campos de futebol de campo (reconhecidos pela CBF)
Dois campos de futebol society
Alojamentos
Quadras de vôlei e futebol de areia
Duas quadras de tênis
Sala de musculação
Centro de fisioterapia
Dois vestiários
Projeto Marítimo Brasil, clube de Portugal com sede em Canoas — Foto: Ageuphotos/DVG/Marítimo Brasil
Gauchão em 2024
O Marítimo Brasil conta com os times sub-20, sub-17 e sub-15 em atividade desde meados de maio. Outras categorias devem entrar em ritmo de trabalho nas próximas semanas, com garotos vindos das escolinhas do Rio Grande do Sul e do Brasil.
O carro-chefe do projeto de expansão é o time profissional, que está sendo preparado para 2022 e contará com 10 jogadores oriundos da equipe sub-23 original, de Portugal. Os demais atletas sairão do próprio clube gaúcho, além de uma ou outra aquisição.
O processo de montagem do elenco já deu os primeiros passos. Afinal, o Marítimo Brasil quer participar das competições oficiais da Federação Gaúcha de Futebol.
O objetivo é participar o quanto antes da Copa FGF, que dá vaga ao campeão na Copa do Brasil, e da 3ª divisão estadual, para galgar um acesso até o Gauchão em 2024. E quem sabe uma Libertadores? É um dos sonhos de Rocha, mas sem pular etapas.
Equipes de base treinam em Canoas desde maio — Foto: Divulgação / Marítimo Brasil
O Marítimo Brasil já contatou a FGF para organizar os trâmites de inscrição na 3ª divisão gaúcha e demais competições oficiais da federação.
— Provavelmente ano que vem vamos disputar a 3ª divisão. O objetivo é trilhar esse processo para ter o crescimento, desenvolver nossos jogadores. Não vamos cortar caminho. Quando planejamos a abertura do clube, nos ofereceram várias opções, poder comprar um time. Esse não é nosso objetivo. Queremos fazer parte do processo, claro que é lá um dia jogar Libertadores — comenta Rocha.
Apesar do curto período em funcionamento no Rio Grande do Sul, a equipe já começou a "exportar" atletas para a matriz em Portugal.
— Temos jogadores que já foram para o Marítimo, estão jogando, outros estão indo. Temos atletas preparados. Dois goleiros provavelmente vão logo. Temos atletas que realmente estão vivenciando esse vínculo de Brasil e Portugal. Tem isso. O sonho que o Marítimo tem no Brasil é formar atletas de alto rendimento para jogar lá — acrescenta o dirigente.
A sede em Canoas
O projeto Marítimo Brasil começou a ser pensado há cerca de 15 anos. Na ideia de expansão, a escolha por uma sede brasileira, em Canoas, não foi ao acaso. O gaúcho Mauro Rocha conta que sua relação com o município teve influência, mas a estrutura da Ulbra foi fundamental também.
Acredito que o povo de Canoas também vá comprar essa ideia, de ter um time para torcer.
— Mauro Rocha ao ge
— Tivemos a proposta de levar a sede do Marítimo para Florianópolis. Por que trouxemos para Canoas? Até pelo bom relacionamento que se criou aqui com a universidade, que nos ajuda muito, é uma das patrocinadoras do Marítimo. O apoio que recebemos da universidade é muito grande, a estrutura que temos aqui é pronta. Queremos um time que traga emoção, que as pessoas possam se emocionar quando vierem aos jogos aqui — explica o coordenador e presidente do clube.
Sede do Marítimo Brasil em Canoas, no Rio Grande do Sul — Foto: Divulgação/Marítimo Brasil
A sede do clube, com o estádio e o centro treinamento, vai além. O projeto prevê a construção de um colégio, tendo aulas do ensino mais básico até o médio, e também de escolinhas para outros esportes, como o basquete e o vôlei.
— Não temos um clube no planeta que tenha um colégio dentro do clube. Qual o objetivo disso? De ver crianças crescendo, praticando o esporte e estando dentro do clube. No Marítimo, na Ilha da Madeira, temos um colégio dentro do clube. Aqui pretendemos alcançar, planejar para o próximo ano ter um colégio integral, padrão Europa e voltado para o esporte — sonha Rocha.
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