Foi um verdadeiro sufoco. A seleção brasileira penou para vencer a Croácia na estreia da Copa do Mundo. Com os nervos à flor da pele, os jogadores sentiram a carga. Suaram mais que o necessário para conseguir o triunfo, muito por conta da simulação de Fred pescada pelo árbitro. No pênalti, Neymar mandou para a rede, como já havia feito no primeiro tempo, num chute mascado. Neymarzaço. Na sua primeira vez numa Copa do Mundo, fez dois gols e superou Messi, que em oito partidas disputadas em Mundiais marcou apenas uma vez.
Mas tudo começou na cerimônia de abertura. Não foram poucas as críticas, a maioria dizendo que a festa ficou aquém do esperado. Sorte que as musas salvaram.
No aquecimento era nítida a tensão no rosto dos jogadores da seleção. Após a falha que culminou na eliminação do Brasil na Copa de 2010, Julio César era um dos mais visados. Parecia carregar o mundo nas costas.
O jogo foi estranho. Elétrico às avessas, difícil até demais. A Croácia era chata nos contra-ataques. Tanto que achou o gol graças a um toque de extrema infelicidade de Marcelo. Gol contra. Apagão, um minuto de silêncio. Sufoco à vista.
Em time que não está ganhando, se mexe. Mas não necessariamente com troca de peças. É preciso mexer com a forma de jogar. É preciso mexer com os nervos. É preciso chamar a responsabilidade. E isso quem faz é o craque. Eis que Neymar surgiu das cinzas para soltar o sapato em chute mascado. Pegou na orelha da bola. Ainda bem, porque só assim a bola ganhou a trajetória de fugir da mão do goleiro croata.
O 1 a 1 no intervalo baixou a poeira, acendeu ainda mais o nacionalismo, mas fez com que o jogo ficasse ainda mais truncado. A torcida sofria, a bola batia e voltava. Até que Oscar viu bem Fred na área. O centroavante, a exemplo de grandes momentos contra Espanha e Sérvia - quando fez gols deitados - tratou de aconchegar-se no adversário, como se relaxasse num colchão d'água. Simulação que o árbitro pescou, e o pênalti foi marcado.
Não demorou para pipocarem deboches nas redes sociais, como se uma simulação numa partida de futebol fosse crime contra a humanidade. Maradona que o diga.
Neymar teve sangue frio, mesmo batendo o pênalti com um temor que talvez nunca tivesse sentido. Totalmente explicável. Afinal, era o gol da vitória que estava na sua frente. O goleirão ainda bateu na bola. Em vão. Rede estufada.
O segundo gol deu um banho de alívio. Os pingos foram colocados nos 'is'. Mas a Croácia era muito perigosa. Nelson Rodrigues diria que os torcedores subiam em paredes como lagartixas profissionais a cada ataque rival. Que sufoco. O segundo gol deles parecia questão de tempo. David Luiz, o Tocha Humana - entenda aqui -, tirava todas. Um monstro. Até que surgiu Oscar, muito presente até o momento. A estrela dele brilhou com um biquinho mágico, à la Romário. É rede, é gol, é alívio. O que eu quero? É sossego.
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