Meses antes, quando conquistaram a América, mal podiam imaginar o que o futuro os reservara. O ano de 2006 mudaria para sempre a história daquela instituição e daqueles afortunados jogadores que a representavam.
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Milhares de jogadores passam todas as décadas e nem uma dúzia deles será lembrada com idolatria pelas gerações futuras. Poucos conseguem cativar e emocionar o torcedor. Menos ainda são os que choram pelo clube. De coração.
Não é fácil, sem dúvida. Primeiro ajudar a construir e depois viver acima da maior rivalidade do futebol brasileiro. Nunca li nenhuma referência negativa ao cidadão responsável pelo milésimo gol da história do clássico Grenal. Absolutamente nenhuma.
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Fernandão morreu. Os heróis também vão. Fernandão era o líder de um povo que, em sua chegada, amargava doze anos sem conquistas expressivas. O gol mil dos Grenais logo em sua primeira aparição trajando vermelho era um prenúncio avassalador do que estava por vir.
Fernandão foi o símbolo de um time roubado em 2005. Foi o ícone de um clube que voltou a ser gigante em 2006. Que desbravou a América e o mundo pela primeira vez. Que seguiu sua saga de conquistas continente afora pelos anos seguintes.
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Fernandão também decepcionou, é verdade, afinal de contas falamos de um ser humano. Fez jogos ruins, foi vaiado e teve uma campanha fraca como treinador. A história não se apaga. Mas ele jamais será lembrado pelas decepções.
Heróis são lembrados pelas conquistas. Por grandes feitos. Por soltar o grito preso na garganta de um povo havia quase cem anos, lá em 2006, quando a taça da Libertadores da América foi levantada pela primeira vez. Por liderar aquele time e aquela torcida às maiores conquistas que alguém pode obter no futebol.
Heróis viram símbolos.
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Fernandão é um herói, logo, é um símbolo. É, não "foi". Ele morreu, mas segue vivo na história. Nunca mais vai gritar. Nem falar. Nem ouvir e muito menos assistir a um povo chorando de alegria graças aos feitos dele próprio.
Mas seu nome será lembrado para a eternidade. Fernandão será sempre mencionado, com respeito e admiração, como aquele que conduziu um povo às suas maiores glórias.
Sua mensagem foi deixada até mesmo nos seus últimos segundos de vida. Não foi um Barcelona que o fez cair. Não foi um zagueiro de seleção. Nem sequer a queda de um helicóptero fez Fernandão desistir. Ele disse adeus no caminho ao hospital. Mais uma vez Fernandão não queria se entregar.
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