sábado, 7 de setembro de 2019

Licantropia: Quando o homem vira fera!


Lobisomem
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Zeus transforma Licaón em lobisomem.

Lobisomem ou licantropo (do grego λυκάνθρωπος: λύκος, lykos, "lobo" e άνθρωπος, anthrōpos, "homem"), é um ser lendário, com origem na mitologia grega, segundo as quais, um homem pode se transformar em lobo ou em algo semelhante a um lobo em noites de lua cheia, só voltando à forma humana ao amanhecer.

Tais lendas são muito antigas e encontram a sua raiz na mitologia grega. Segundo As Metamorfoses de Ovídio, Licaão, o rei da Arcádia, serviu a carne de Árcade a Zeus e este, como castigo, transformou-o em lobo (Met. I. 237).Uma das personagens mais famosas foi o pugilista arcádio Damarco Parrásio, herói olímpico que assumiu a forma de lobo nove anos após um sacrifício a Zeus Liceu, lenda atestada pelo geógrafo Pausânias.

Segundo lendas mais modernas, para matar um lobisomem é preciso acertá-lo com artefatos feitos de prata.



Variantes culturais[editar | editar código-fonte]

O Licantropo dos gregos é o mesmo que o Versipélio dos romanos, o Volkodlák dos eslavos, o Werewolf ou Dracopyre dos saxões, o Werwolf dos alemães, o Óboroten dos russos, o Hamtammr dos nórdicos, o Loup-garou dos franceses, o arbac-apuhc da Península Ibérica, o Lobisomem dos brasileiros e da América Central e do Sul, com suas modificações fáceis de Lubiszon, Lobisomem, Lubishome; nas lendas destes povos, trata-se sempre da crença na metamorfose humana em lobo, por um castigo divino.
Lenda brasileira[editar | editar código-fonte]
Ver também: Luison

Luison, o Lobisomem segundo a Mitologia guarani.

No Brasil existem muitas versões dessa lenda, variando de acordo com a região. Uma versão diz que a sétima criança em uma sequência de filhos do mesmo sexo tornar-se-á um lobisomem. Outra versão diz o mesmo de um menino nascido após uma sucessão de sete mulheres. Outra, ainda, diz que o oitavo filho se tornará a fera. Outra já diz que é apos a morte de um familiar que possuía a aberração e passou de pai pra filho, avô pra neto e assim por diante.

As pessoas conhecem o licantropo na forma humana através de comportamentos estranhos, como mudança de comportamento, misteriosa e quase sempre com olhos cansados(olheira), o licantropo na forma humana é uma pessoa muito atenta as outras, sempre desconfiando de tudo como por exemplo, tem muito medo de ser descoberta a humanidade que é uma aberração, porém é muito protetora em forma humana.

Em algumas regiões, o Lobisomem se transforma à meia noite de sexta-feira, em uma encruzilhada. Como o nome diz, é metade lobo, metade homem. Depois de transformado, sai à noite procurando sangue, matando ferozmente tudo que se move. Antes do amanhecer, ele procura a mesma encruzilhada para voltar a ser homem.

Em algumas localidades diz-se que eles têm preferência por bebês não batizados. O que faz com que as famílias batizem suas crianças o mais rápido possível. Já em outras diz-se que ele se transforma se espojando onde um jumento se espojou e dizendo algumas palavras do livro de São Cipriano e assim podendo sair transformado comendo porcarias até que quase se amanheça retornando ao local em que se transformou para voltar a ser homem novamente. No interior do estado de Rondônia, o lobisomem após se transformar, tem de atravessar correndo sete cemitérios até o amanhecer para voltar a ser humano. Caso contrário ficará em forma de besta até a morte. O escritor brasileiro João Simões Lopes Neto escreveu assim sobre o lobisomem: "Diziam que eram homens que havendo tido relações impuras com as suas comadres, emagreciam; todas as sextas-feiras, alta noite, saíam de suas casas transformados em cachorro ou em porco, e mordiam as pessoas que a tais desoras encontravam; estas, por sua vez, ficavam sujeitas a transformarem-se em Lobisomens…" [1]

Há também quem diga que um oitavo filho que tem sete irmãs mais velhas se torna lobisomem ao completar treze anos. Também dizem que o sétimo filho de um sétimo filho se tornará um lobisomem.

Outra versão porém relata que aquele que é amaldiçoado precisa se espojar nu em um local onde um animal(geralmente jumento) se espojou, enquanto recita palavras do livro de São Cipriano[2] ou reza o credo ao avesso três vezes.

A lenda do lobisomem é muito conhecida no folclore brasileiro, e assim como em todo o mundo, os lobisomens são temidos por quem acredita em sua lenda. Algumas pessoas dizem que além da prata o fogo também pode matar um lobisomem. Outras acreditam que eles se transformam totalmente em lobos e não metade lobo metade homem.

Algumas lendas também dizem que se um ser humano for mordido por um lobisomem, e não o encontrar a cura até a 12ª badalada desse mesmo dia, ficará lobisomem para toda a eternidade.

Ilustração de um lobisomem na floresta à noite de 1941.
Lenda portuguesa[editar | editar código-fonte]

Há referências muito antigas ao lobisomem em Portugal. Aparece no Rifão de Álvaro de Brito (Cancioneiro Geral):Sois danado lobishomem,
Primo d’Isac nafú;
Sois por quem disse Jesus
Preza-me ter feito homem.(Garcia de Resende, Excertos, por António Feliciano de Castilho, Livraria Garnier, Rio de Janeiro, 1865, p. 24).

É também mencionado no Vocabulario Portuguez e Latino de Rafael Bluteau (tomo V, p. 195) e nos sonetos de Bocage:Profanador do Aónio santuário,
Lobisomem do Pindo, orneia ou brama,
Até findar no Inferno o teu fadário!(Bocage, Obras Escolhidas, primeiro volume, p.122).

No século XIX, Alexandre Herculano escreveu assim sobre o lobisomem da região da Beira-Baixa: "Os lubis-homens são aqueles que têm o fado ou sina de se despirem de noite no meio de qualquer caminho, principalmente encruzilhada, darem cinco voltas, espojando-se no chão em lugar onde se espojasse algum animal, e em virtude disso transformarem-se na figura do animal pré-espojado. Esta pobre gente não faz mal a ninguém, e só anda cumprindo a sua sina, no que têm uma cenreira mui galante, porque não passam por caminho ou rua, onde haja luzes, senão dando grandes assopros e assobios para se lhas apaguem, de modo que seria a coisa mais fácil deste mundo apanhar em flagrante um lubis-homem, acendendo luzes por todos os lados por onde ele pudesse sair do sítio em que fosse pressentido. É verdade que nenhum dos que contam semelhantes histórias fez a experiência". (A. Herculano, Opúsculos, Tomo IX, Bertrand, Lisboa, 1909, p. 176-177).

Nos seus estudos sobre mitologia popular, o escritor e etnógrafo português Alexandre Parafita reconhece que, embora a designação sugira tratar-se de um ser híbrido de homem e lobo, muitas das crenças sobre esta criatura identificam-na na figura tanto de lobo, como cavalo, burro ou bode, consistindo o seu fadário em ir despir-se à meia-noite numa encruzilhada, espojando-se no chão, onde um animal já antes fizera o mesmo, após o que se transforma nesse animal para ir “correr fado”.

A representação na figura híbrida de homem e lobo não é alheia ao desassossego que este animal provoca, desde tempos imemoriais, no inconsciente colectivo. Escreve este autor: “As comunidades rurais transmontanas ainda hoje o encaram como um animal cruel, implacável com os seres mais indefesos, inimigo de pastores, dos caminhantes da noite e pesadelo permanente das crianças que habitam nas aldeias mais isoladas. Não se estranha, por isso, que no fabulário popular o lobo apareça como símbolo do mal e que o conceito de lobisomem, enquanto produto da fantasia popular, possa ser considerado como uma tentativa de apresentar uma criatura onde se conjuga a ferocidade maléfica do lobo com as emoções, ora angustiosas, ora igualmente maléficas, do homem”.[3]
Peeira[editar | editar código-fonte]

Peeira ou fada dos lobos é o nome que se dá às jovens que se tornam nas guardadoras ou companheiras de lobos. Elas são a versão feminina do lobisomem e fazem parte das lendas de Portugal e da Galiza.[4] A peeira tem o dom de comunicar e controlar alcateias de lobos.[5]

Um extenso relato sobre o lobisomem fêmea português encontra-se nas Travels in Portugal de John Latouche (London, [1875], p. 28-36).

Camilo Castelo Branco escreveu nos Mistérios de Lisboa: "A porta em que bateu o padre Diniz comunicava para a sala em que estavam duas criadas da duquesa, cabeceando com sono, depois que se fartaram de anotar as excentricidades de sua ama, que, a acreditá-las, há cinco anos que cumpria fado, espécie de Loba-mulher, ou Lobis-homem fêmea, se os há, como nós sinceramente acreditamos." (Vol.I, Porto, 1864, p. 136).
Corredor[editar | editar código-fonte]

O corredor é a pessoa que tem que correr o fado. O corredor é um ser mutante, pode assumir a forma de lobo, de cão ou outro animal. Quando se encontra um para quebrar o fado deve-se fazer sangue, isto é, fazê-lo sangrar. [6]
Tardo[editar | editar código-fonte]

O Tardo é uma espécie de duende, um ser mutante que assume formas de animais mas que pode transformar-se num lobisomem se ao fim de sete anos não lhe quebrarem o fado.
Corrilário[editar | editar código-fonte]

Os corrilários são as almas penadas em figura de cão. Se um lobisomem morre antes de terminar o seu fadário, depois de morto termina os seus dias como corrilario.
Famosos[editar | editar código-fonte]

Entre os muitos famosos lobisomens da ficção estão:
Lawrence Talbot e seu pai Sir John Talbot, respectivamente o protagonista e antagonista do filme clássico de 1941, O Lobisomem, que recentemente ganhou um remake em 2010.
Lucian (Michael Sheen) dos filmes Anjos da noite e Anjos da noite: a rebelião dos Lycans;
Tyler Lockwood e Jacob Smallwood de Diários do Vampiro: Reunião Sombria;
David Naughton como David Kessler em Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, no original);
Scott McCall (Michael J. Fox no filme original e Tyler Posey na série de 2011) de Teen Wolf;
Remo John Lupin e Fenrir Lobo Greyback da saga/serie Harry Potter de J.K. Rowling, representados no cinema por David Thewlis ( Remo Lupin) e Dave Legeno ( Fenrir Greyback )
Alcide Herveaux (e outros) de True Blood
Astromar Junqueira (Rui Resende) da novela Roque Santeiro
Hunter Sands "(Castelo do Medo)"
Ginger Fitzgerald de Ginger Snaps
George Sands e Tom McNair de Being Human
Peter Rumancek (da série Hemlock Grove, baseada no livro escrito por Brian McGrevy, e atualmente reproduzida no Netflix. O personagem é interpretado por Landon Liboiron.)
Professor Aristóbulo Camargo, da novela ou minisérie Saramandaia
Lobi, o lobisomem da Turma do Penadinho, nas histórias em quadrinhos da Turma da Mônica
A minisérie Sítio do Picapau Amarelo teve lobisomens como personagens, tanto na série dos anos 70 quanto nos anos 2000.
Eddie, o filho do seriado The Munsters
Luby, personagem das histórias em quadrinhos da A Turma do Arrepio
Kagerou Imaizumi, personagem da série de jogos Touhou Project
Pernambuco Nogueira (Selton Mello do filme O Coronel e o Lobisomem (2005) ).
Gabriel Van Helsing (interpretado por Hugh Jackman em Van Helsing caçador de monstros..fora mordido por Velkan que tambem era um lobisomem)
Ruby, personagem da serie Once Upon A Time interpretada por Meghan Ory.
Ginei Morioka da série de mangás Rosario + Vampire de Akihisa Ikeda.
Larry, o lobisomem guitarrista do desenho animado Larry e os Sinistros.
RPG[editar | editar código-fonte]

A editora norte-americana White Wolf produziu dois RPGs onde os lobisomens são os protagonistas.Lobisomem: O Apocalipse

O jogo de "horror selvagem", Lobisomem: O Apocalipse é um RPG storyteller criado para o cenário Mundo das Trevas. Diferente dos vampiros, os Garou (como os lobisomens se autodenominam) são guerreiros que buscam salvar a natureza e o mundo de uma poderosa força destruidora chamada Wyrm. Ao mesmo tempo, porém, precisam encarar a realidade de que não são os humanos (ou lobos) que pensavam que eram. Com elementos de horror, violência, ecologia, críticas sociais e panteísmo, Lobisomem: O Apocalipse foi um dos grandes sucessos da editora do Antigo Mundo das Trevas finalizado em 2004 pela White Wolf e recentemente retomado em 2015.Werewolf: The Forsaken

Werewolf: The Forsaken é um RPG ambientado no Novo Mundo das Trevas criado pela White Wolf Editora traduzido no Brasil como "Lobisomem: Os Destituídos". É o sucessor comercial de Lobisomem: O Apocalipse, porém não é uma continuação do jogo anterior; o "jogo de horror selvagem" da linha de jogos do Mundo das Trevas original. Como em Lobisomem: O Apocalipse, o jogo é construído com base nos mitos da cultura popular para criar uma visão única dos lobisomens, embora haja diferenças enormes entre Forsaken e seu antecessor. Por exemplo, o jogo apresenta um sistema de auspícios baseado nas cinco fases da lua, e cada o papel de cada jogador correspondendo aos auspícios continuam o mesmo com relação ao Apocalipse.
Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Lobisomem
Licantropia
Criptozoologia
Homem-tigre
Referências

João Simões Lopes Neto, Lendas do Sul, Rio Grande do Sul, 1913, p. 91.
«Lobisomem». InfoEscola
PARAFITA, A. – O Maravilhoso Popular – Lendas. Contos. Mitos. , Lisboa, Plátano Editora, 2000
«Iberian seventh-born children, werewolves, and the dragon slayer: a case study in the comparative interpretation of symbolic praxis and fairytales»
Álvares, F., 2004 – O lobo no imaginário popular[ligação inativa]. pp: 135-145 in Nunes, M. (Coordenação). Serra da Aboboreira – a Terra, o Homem e os Lobos. Câmara Municipal de Amarante. Amarante. 148pp.
Vasconcelos, Leite. Revista Lusitana, Volume VI, Antiga Casa Bertrand, Lisboa, 1900-1901
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
Rafael Bluteau, Vocabulario Portuguez e Latino, tomo V, p. 195.
Bocage, Obras Escolhidas, primeiro volume, p. 122
Camilo Castelo Branco, Mistérios de Lisboa, Vol.I, Porto, 1864, p. 136
Garcia de Resende, Excertos, por António Feliciano de Castilho, Livraria Garnier, Rio de Janeiro, 1865, p. 24
Sabine Baring-Gould, The Book of Werewolves, Dover Publications, 2006
Alexandre Herculano, Opúsculos, Tomo IX, Bertrand, Lisboa, 1909, p. 176-177.
John Latouche, Travels in Portugal, London, [1875], p. 28-36
Montague Summers, The Werewolf in Lore and Legend, Dover Publications, 2003
PARAFITA, A. – O Maravilhoso Popular – Lendas. Contos. Mitos. , Lisboa, Plátano Editora, 2000

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