sábado, 2 de novembro de 2019
10 RAZÕES pelas quais a DC COMICS quase sempre foi MELHOR que a MARVEL
Qual das duas editoras tem uma produção de qualidade superior? É só analisar alguns fatos irrefutáveis para descobrir
Por Maurício Muniz
Durante décadas, a maior discussão entre os fãs de quadrinhos tem sido aquela de sempre: quem é “a melhor editora”, Marvel ou DC? Como se fosse fácil responder a uma questão que, no final das contas, está ligada ao gosto pessoal e é mais importante pros fãs que pros próprios profissionais das editoras, que são concorrentes pra lá de cordiais na maioria das vezes. Há quem prefira Peter Parker a Bruce Wayne, há quem se identifique mais com mutantes que com alienígenas. E não há nada de errado com isso. Marvel e DC não são times de futebol, dos quais podemos gostar apenas de um em detrimento do outro.
Ou você conhece algum fã de quadrinhos que só tem gibis da Marvel ou só gibis DC nas suas prateleiras? Eu não conheço.
Porém, se levarmos em consideração certos fatos, é possível argumentar que a DC realmente apresentou, quase sempre, uma produção de qualidade muito superior à da Marvel. É claro que a Marvel – quando surgiu – chacoalhou o mercado de quadrinhos e trouxe conceitos e personagens inovadores, que deixaram para trás muitas das histórias mais bobinhas que a DC produzia nos anos 1960. Mas essa hegemonia merecida da Marvel se deu muito mais nas décadas de 1960 e 1970. A partir da década seguinte, a DC “acordou”, principalmente após a revolução causada pela saga Crise nas Infinitas Terras, que trouxe um reinício ao universo da editora e deixou seus heróis mais sérios, modernos e interessantes.
Listamos abaixo dez motivos pelos quais a DC foi a “melhor” por muito tempo… e também um motivo pelo qual as coisas mudaram um tanto nos últimos anos.
(E antes que alguém venha com aquele velho argumento que a Marvel é melhor porque vende mais e é mais popular entre o público… Bem, gostaríamos de lembrar que popularidade não é sinônimo de qualidade. Se fosse, não reclamaríamos de políticos eleitos, as novelas da Globo e oBig Brother não seriam campeões de audiência e as maiores bilheterias da história do cinema não seriam Titanic e Avatar. Ser mais popular, muitas vezes, quer dizer que seu produto é apenas de mais fácil digestão e não exige muita inteligência para ser apreciado. Portanto, é melhor deixar de lado esse argumento, concorda?)
Vamos lá:
1. A DC criou os super-heróis
Anos antes de Stan Lee sequer saber o que era um super-herói, a DC (ainda chamada de National Allied Publications) deu ao mundo o primeiro grande herói com superpoderes dos quadrinhos, aquele que se tornaria a matriz para inúmeros outros que apareceriam depois e imitariam sua fórmula: o Superman! Ele ajudou a criar e fortalecer todo um mercado e foi, por décadas, o personagem mais importante dos quadrinhos, com vendas mensais que ultrapassavam facilmente um milhão de exemplares. Mais importante ainda, o personagem foi criado por dois verdadeiros nerds (Jerry Siegel e Joe Shuster), deslocados e tímidos, que fizeram de Clark Kent e Superman válvulas de escape para seus problemas e inseguranças. E, com isso, atingiram outros milhões de nerds parecidos com eles, que adotaram o herói como um modelo a ser seguido. Impossível negar a importância desses fatos dentro da cultura pop. E não há como negar que a DC Comics criou o mercado de super-heróis de papel.
2. A Marvel copia a DC
Não é preciso muito para perceber que a Marvel tem uma propensão a seguir as fórmulas que a DC cria. Não bastasse o Quarteto Fantástico ter surgido como uma tentativa da Marvel em criar um grupo de super-heróis e alcançar o sucesso que a DC tinha com a Liga da Justiça, vários outros personagens da “Casa das Ideias” copiaram heróis e vilões da DC ao longo das décadas.
Alguns exemplos: Deadpool é uma cópia do Exterminador, inimigo dos Titãs; o déspota cósmico Thanos é totalmente inspirado em Darkseid; a Gata Negra é uma imitação quase descarada da Mulher-Gato; o Mercenário (inimigo do Demolidor) poderia ser o filho bastardo do Pistoleiro (inimigo do Batman); os X-Men seguem muito de perto a fórmula da Patrulha do Destino; Nova – e sua tropa – são uma versão pouco imaginativa do Lanterna Verde – e sua tropa; o Dr. Estranho, mago supremo, é um reflexo sem capacete do Sr. Destino, também mago supremo; Mercúrio perdeu a corrida para o Flash, já que este último chegou muito antes às bancas; o Gavião Arqueiro surgiu como um Arqueiro Verde de segunda categoria; o Sentinela é um Superman loiro e que traz o S no cinto, em vez de trazê-lo no peito; o Cavaleiro da Lua é um Batman que se veste de branco. Até o Coruja, um vilão de terceira categoria da Marvel, emula o Pinguim, um dos principais oponentes do Batman! Se há alguma dúvida, divirta-se no Google vendo quais desses personagens foram criados antes.
Isso para não falar de histórias como O Velho Logan (um herói velho que volta à ação em um futuro assustador) e sua similaridade temática com O Cavaleiro das Trevas. Ou lembrar queGuerra Civil (jovens heróis descontrolados causam uma luta entre heróis mais velhos) é a versão da Marvel pra Reino do Amanhã. Ou será que é Terra-X que seria a versão da Marvel para Reino do Amanhã? Com a Marvel, nunca dá pra ter certeza… E esses são apenas alguns dos exemplos que poderíamos citar…
3. A DC não se prende à cronologia
Qualquer fã de quadrinhos sabe que sempre houve problemas e discrepâncias na mitologia da DC, com eventos e personagens que parecem se contradizer – e que já levaram inclusive a remodelações para tentar alinhar tudo. Mas isso, no final das contas, é uma vantagem e um dos pontos fortes da editora. A DC nunca deixou de publicar uma boa história porque ela contradizia a cronologia. Mesmo se algum fato não encaixasse com outras “verdades” do universo DC, a história seria publicada se valesse a pena ser contada. É só notar quantas versões discrepantes existem para a origem do Batman e seus primeiros anos de atividade; para o surgimento de Robin ou até mesmo para a formação da Liga da Justiça original.
4. A DC não usa cenários reais
Alguns podem achar bacana a opção da Marvel em usar cidades do mundo real, como Nova York, San Francisco e… bem, Nova York (quase sempre) como base para seus heróis. Mas isso cria um problema: quando o Homem-Aranha enfrenta um inimigo perigoso demais, que pode destruir a cidade ou matar milhares de inocentes, o lógico seria que aparecessem para ajudá-lo todos os outros heróis da cidade, como o Quarteto Fantástico, Vingadores, Demolidor, Dr. Estranho, Punho de Ferro, Luke Cage, os X-Men e muitos mais. Mas isso não acontece, para não tirar o brilho individual do personagem, o que leva os roteiristas a ignorar a questão ou inventar que todos os outros heróis estavam em missões na Lua, na Terra Selvagem ou em Pelotas. Na DC, esse problema é minimizado, já que os heróis residem em cenários diferentes: Batman mora em Gotham, Superman em Metrópolis, Flash em Central City, o Arqueiro Verde em Star City e assim por diante. Ninguém espera que o Superman saia de Metrópolis a toda hora para ajudar o Batman em Gotham. Isso ajuda a deixar mais realistas e interessantes as histórias da DC.
(Ainda não está convencido? Então, imagine a cena: o Rino começa a destruir o centro de Nova York para atrair o Homem-Aranha, de quem quer se vingar. Mas, aí, aparece o Thor. Ou o Capitão América. Ou o Homem de Ferro. Ou o Hulk. Ou a Vespa. Ou todos eles juntos e mais alguns, já que a maioria dos heróis da Marvel mora na mesma cidade. Seria o mais lógico. Menos nas HQs da Marvel…)
E outra coisa: mesmo quem não acompanha quadrinhos tão de perto conhece os nomes das cidades da DC, que já se tornaram ícones da cultura pop. Se você diz “Gotham”, qualquer civil responderá “Batman”. Por outro lado, se disser “Nova York”, a pessoa responderá “Estátua da Liberdade”. Ou, com sorte, “King Kong”.
5. Mais Representatividade
Diversidade e representatividade nas artes é importante, e a DC chegou lá bem antes que a Marvel. E nunca parou.
Girl Power
Vamos começar pelas personagens femininas. Existe a concepção de que a Marvel trata melhor e dá mais destaque às mulheres de seu universo. Mas é um engano e essa é uma opinião propagada, claro, pelos fãs (e editores) da Marvel. A verdade é que a DC sempre deu mais atenção a suas heroínas e deu revistas a elas, enquanto a Marvel demorou mais de uma década para apresentar uma super-heroína em título próprio.
A Mulher-Gato surgiu em 1940, como uma figura feminina forte, para se opor ao Batman; a Tornado Vermelho, heroína acima do peso, surgiu 1940; a Mulher-Gavião, guerreira e forte, em 1941; a Mulher-Maravilha, uma amazona corajosa e impressionante, apareceu em 1941, virou ícone feminista e ganhou revista própria em 1942; a Canário Negro, durona e independente, surgiu em 1947; a Mulher-Morcego, combatente do crime, veio em 1956; a adolescente Supergirl apareceu em 1959, conquistou o público e ganhou uma revista própria em 1972; a poderosíssima Poderosa, em 1976; a Caçadora (na versão Helena Wayne); em 1977. E até Lois Lane, que foi criada em 1938, ganhou título próprio em 1958 – e, por mais que as histórias de Lois geralmente a trouxessem às voltas com planos para casar com o Superman, sua revista durou mais de 10 anos e era uma favorita do público. Desde a década de 1960, há mais super-heroínas apenas na revista da Legião dos Super-Heróis que em toda a Marvel – e todas personagens bem delineadas e exploradas, com personalidades fortes e marcantes. E a DC teve diversas outras séries estreladas por mulheres e que duraram centenas de edições, como Aves de Rapina, que juntava Oráculo, Canário Negro, Caçadoras e outras heroínas.
Nos dias de hoje, a DC tem títulos regulares para personagens como Canário Negro, Mulher-Maravilha, Estelar, Batgirl, Mulher-Gato e Harlequina, vários deles escritos por mulheres. Aliás, vale lembrar também que a DC sempre teve mulheres fortes e de fibra dirigindo a editora ou em posições editoriais importantes, comoJennette Khan (que já foi presidente da editora), Karen Berger (editora que levou para a DC alguns dos mais importantes roteiritas dos quadrinhos) e Shelly Bond (editora da Vertigo), e todas fizeram trabalhos excelentes, importantes para o reconhecimento dos quadrinhos como arte.
Já no Universo Marvel, as primeiras super-heroínas só viriam a ganhar títulos próprios em 1972: Shanna, the She-Devil e Felina. E, mesmo assim, foram apenas minisséries de curta duração. E tente lembrar, sem pesquisar, quantas mulheres estiveram na diretoria da Marvel ou foram editoras importantes? Pois é…
Diversidade Sexual
A primeira editora a mostrar personagens abertamente gays também foi a DC, com o Extraño, da saga Milênio, em 1987. Na mesma época, a DC inovou com personagens gays e tramas contra a homofobia nas histórias da Mulher-Maravilha. O Flautista, antigo inimigo do Flash e seu aliado nos anos 1980, revelou ao herói que é gay, durante uma conversa, e o relacionamento e amizade entre eles permaneceram inalterados – imporante lição para os leitores. Neil Gaiman colocou vários personagens transgêneros e homossexuais emSandman. John Constantine foi revelado como bissexual, assim como a Mulher Gato. Uma das melhores amigas da Batgirl é transsexual (e foi a primeira personagem do gênero a surgir em um gibi de super-heróis). Alan Scott, o primeiro Lanterna Verde, foi reinventado recentemente como gay em Terra-2. Até a Violeta Encolhedora, uma das integrantes maisadoradas da Legião dos Super-Heróis, criada em 1961, revelou-se lésbica, mantendo um longo romance com a Moça-Relâmpago. E é fácil notar que a DC tem muitos outros personagens gays e transgênero. O durão Meia-Noite, um super-herói gay, casado com o poderoso Apollo, tem uma revista própria de sucesso na editora. A Batwoman, lésbica, também teve uma série de longa duração.
Já a Marvel, ao que consta, tinha uma política nos anos 1980 que proibia histórias com personagens homossexuais, por ordens do editor-chefe,Jim Shooter. O primeiro personagem a se revelar abertamente gay da editora foi o Estrela Polar, apenas em 1993. E, mesmo se a editora apresenta alguns personagens de identidade sexual variada atualmente, uma prática comum da Marvel é “revelar” que personagens antigos e estabelecidos da editora “sempre foram homossexuais”, como o Rawhide Kid e o Homem de Gelo, o que nem sempre parece uma estratégia muito honesta. E onde estão as revistas próprias de personagens gays na Marvel?
Mais Cores
Na questão da diversidade racial, a Marvel até saiu na frente com a criação do primeiro super-herói negro, o Pantera Negra, em 1966, enquanto a DC só viria a apresentar o Corredor Negro, dos Novos Deuses, em 1971. Porém, poderíamos dizer que os primeiros personagens negros surgiram na DC, com os soldados Ralph Jackson, em 1945, e Jackie Johnson, membro da Companhia Moleza (aquela do Sargento Rock), em 1961. Hoje, as duas editoras prezam pela diversidade… mas uma contagem dos personagens negros de ambas as editoras (segundo dados da Wikipedia), indica que a Marvel tem cerca de 140 personagens negros em suas fileiras, enquanto a DC tem mais de 200. Na verdade, a DC já teve um selo, a Milestone, que quase só tinha super-heróis negros! Novamente, a DC leva vantagem.
6. A DC não tem medo de remodelar seu universo
Na Marvel, o respeito à cronologia causa algumas discrepâncias que podem ser bastante confusas. Por exemplo: o Capitão América, quando foi encontrado pelos Vingadores em 1964, tinha passado cerca de 19 anos congelado. Mas, hoje, isso quer dizer que ele está em atividade há mais de 50 anos desde o congelamento? Ou que ele foi descongelado num período mais recentes e passou 40 ou 50 anos congelado? E quanto a Peter Parker, que se tornou o Homem-Aranha, em 1963, quandoJohn Kennedy era o presidente dos Estados Unidos, mas já interagiu também com Barack Obama, o presidente atual? Isso quer dizer que Parker tem cerca de 67 anos de idade (se virou o Aranha por volta dos 15 anos)? E a Tia May, teria quantos anos, então? 110? Há uma falha aí que os editores da Marvel preferem ignorar para não criar problemas à sua longa cronologia. Mesmo se aceitarmos que o tempo corre de maneira diferente nos quadrinhos, a situação começa a ficar muito confusa.
Mas a DC – mesmo se isso desagrada a alguns – já reiniciou seu universo algumas vezes. Hoje, o Superman está em atividade há cerca de oito anos apenas, o Batman há cerca de cinco. A maioria dos heróis da DC está na casa dos 30 anos de idade. É uma opção mais lógica para evitar incoerências quanto à idade dos personagens, suas carreiras e os períodos em que viveram.
7. Na DC, os personagens mudam
Como dito anteriormente, na Marvel os personagens se mantém inalterados por décadas e décadas, mesmo se isso desafia um tanto a lógica. Já a DC teve alguns de seus melhores momentos graças à sua tradição da “passagem do legado”.
Para citar alguns exemplos: Hal Jordan deixou de ser o Lanterna Verde e, por anos, Kyle Rayner tomou seu lugar. Após a morte de Barry Allen, seu pupilo Wally West se tornou o Flash durante mais de duas décadas de histórias. Jack Knight herdou de seu pai o manto de Starman. Já tivemos vários Robins. A Sociedade da Justiça era formada por descendentes ou substitutos da equipe formada na década de 1940 – neste caso, diferente dos Vingadores, que estão juntos há mais de 50 anos.
Isso cria a oportunidade para histórias novas e interessantes, visões diferentes que modernizam os personagens, permitem a criação de heróis com personalidades variadas e trazem um ar mais fresco ao universo da DC. Na Marvel, quando alguém toma o lugar de um herói, sempre foi no máximo por um ano e depois tudo voltou ao normal. Não que a DC também já não tenha ressucitado heróis pouco tempo após sua morte, mas há mais instâncias onde o legado foi repassado definitivamente.
8. A DC dominou as telas muito antes da Marvel
Os filmes da Marvel vêm fazendo grande sucesso nos cinemas… mas esse é um fenômeno recente. A verdade é que os personagens da DC dominaram, durante décadas, tanto a TV quanto o cinema. Desde os anos 1930 e 1940, com o fantástico desenho animado do Superman pelos estúdios Fleischer e os seriados cinematográficos de Batman e Superman; passando pela série televisiva do Superman da década de 1950; pelo fenômeno cultural que foi a série do Homem-Morcego entre 1966 e 1968; pelos filmes de Superman estrelados por Christopher Reeve e o seriado da Mulher-Maravilha da década de 1970; pelas nove temporadas do desenho dos Superamigos; pelos filmes do Batman por Tim Burton e Joel Schumacher; pelos seriados Lois & Clark e Smallville; até chegar aos filmes do Batman por Christopher Nolan, a DC teve um legado longo e memorável. E é até covardia lembrar das séries animadas de Batman, Superman, Jovens Titãs, Legião dos Super-Heróis e (a mais incrível) da Liga da Justiça produzida por Bruce Timm, Paul Dini e companhia, que estão entre as melhores coisas já feitas sobre super-heróis em qualquer mídia e ganharam diversos prêmios. Mesmo hoje, a DC continua dominando a TV com séries de sucesso como Arrow, Flash, Gotham e outras que estrearão brevemente, comoSupergirl, enquanto a Marvel tem conseguido apenas resultados medianos na telinha comAgents of SHIELD – embora, precisamos admitir, o Demolidor da Netflix é muito bom.
No cinema atual, a Marvel se sai bem, como dissemos. Mas talvez encontre concorrência a partir do ano que vem, com o novo universo de filmes que se iniciará com Batman v Superman: A Origem da Justiça e Esquadrão Suicida. De qualquer maneria, entre filmes, desenhos animados e séries de TV, a DC sempre esteve muito mais presente que a Marvel.
9. Melhores obras, melhores autores
A DC tem muito mais séries, minisséries e histórias que são consideradas essenciais pela crítica e pelos historiadores de quadrinhos, que a Marvel. Claro, a Marvel tem ótimas histórias e inovou muito entre as décadas de 1960 e 1980. Porém, praticamente não existem obras na Marvel que sejam comparáveis – em prestígio e qualidade – aBatman: Cavaleiro das Trevas, Watchmen, Reino do Amanhã, A Piada Mortal, Asilo Arkham, Sandman, Batman: Ano Um, Grandes Astros: Superman, Monstro do Pântano, Preacher, Transmetropolitan, Fábulas, Os Invisíveis, 100 Balas, Y: O Último Homem, Ex-Machina, A Nova Fronteira e V de Vingança – para citar apenas alguns títulos.
Na lista de 100 Melhores Romances da Língua Inglesa em Todos os Tempos, feita pela revista Time, entrou apenas um quadrinho… e é da DC: Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons. Já na lista complementar que a revista fez, de 10 Melhores Álbuns em Quadrinhos de Todos os Tempos, há três obras da DC (Watchmen, Sandman eBatman: O Cavaleiro das Trevas) e nenhuma da Marvel. Além do mais, os grandes roteiristas do mercado de quadrinhos sempre foram mais atraídos a trabalhar na DC, que dá mais liberdade criativa, permite assuntos mais adultos e o conceitos inovadores para os quadrinhos. É só analisar quantos trabalhos fizeram, para a DC, os roteiristas mais premiados e aclamados da indústria, como Alan Moore, Neil Gaiman,Grant Morrison, Warren Ellis, Peter Milligan, Jamie Delano, Garth Ennis, Mark Waid e Darwyn Cooke, e quantos eles fizeram para a Marvel.
E se ainda há alguma dúvida sobre a qualidade superior das obras da DC, é só ver nosso próximo item na lista.
10. A DC ganhou mais prêmios Eisner… muitos mais
Este é o tópico que quase resume todos os outros para provar a superioridade da DC. Alguns podem dizer que prêmios não representam qualidade… e em alguns casos isso pode até ser verdade. Mas não no que se refere ao Eisner, o prêmio mais importante e cobiçado do mercado americano de quadrinhos. Quem vota em suas categorias são apenas os profissionais da área, pessoas que acompanham o mercado, trabalham nele e também são fãs.
Veja esses números. Desde 1988, quando o prêmio foi instituído, até 2015, a DC Comics ganhou um total de 257 prêmios em categorias como Melhor Série, Minissérie, Roteiro, Desenho, Artista de Capa, Letras, Cores e muitas outras. O segundo lugar em quantidade de prêmios fica com a Dark Horse, que já levou 131 troféus. E a Marvel vem apenas em terceiro lugar, com 55 prêmios ganhos no mesmo período de tempo – quase um quinto da quantidade que a DC levou. E uma rápida pesquisa mostra que o padrão se repete com outros prêmios importantes, como o Harvey e o Eagle. A DC sempre apresentou mais obras merecedoras de prêmios.
Mas… calma, marvete. Temos um item bônus que pode deixá-lo feliz! Este:
11. Infelizmente, a DC perdeu sua identidade
O problema é que as coisas mudaram muito nos últimos anos. Desde a última reformulação do Universo DC, com a nova fase que foi apelidada de “Os Novos 52”, a editora parece ter perdido seu rumo. Na verdade, as coisas já não andavam bem cerca de um ou dois anos antes da reformulação: as histórias da DC andavam um tanto chatas, pouco criativas earrastadas. Sagas como “O Novo Krypton” e “Solo”, de Superman, ou a da morte e retorno de Batman se mostraram um tanto decepcionantes para os fãs e não atraíram muita atenção dos leitores não-regulares. Até – grande erro – heróis que estava mortos há anos, foram revividos desnecessariamente. Em vez de procurar novos roteiristas e artistas com boas ideias para reacender o interesse nos heróis da DC, a editora resolveu seguir um novo caminho e remodelar todo o seu universo de maneira, bem… controversa.
A princípio, pareceu uma boa decisão e as vendas dos novos títulos foram às alturas, as maiores que a DC (ou a Marvel) teve em anos. Mas, desde então, o interesse do público diminuiu e não é pra menos. Mesmo se há muitos roteiristas e artistas de talento,a editora parece ter deixado de lado muito do que agradara a seus fãs nas duas décadas e meia desde a última reformulação. Agora, o Superman ora é um super-herói aos moldes convencionais, ora luta contra injustiças sociais, ora cai na estrada sobre uma moto – mas não tem mais o calção por cima da calça, em nome da “modernidade”. Bruce Wayne deixou de ser o Batman (de novo!) e seu lugar foi tomado pelo comissário Gordon com uma armadura que o faz parecer um Pernalonga robótico. O Coringa agora parece ser um assassino imortal. Lois Lane não é mais a namorada do Superman. Dick Grayson é um agente secreto. São tantas mudanças, que nem parece mais a boa e velha DC.
Na teoria, as histórias poderiam ser interessantes, sim, mas falta algo a elas. Os heróis mudaram de novo nesta nova fase, uma característica da DC… mas não necessariamente para melhor, como no passado.
Frente às novas diretrizes, muitos profissionais de renome abandonaram a editora e foram para a Marvel ou resolveram cuidar de projetos pessoais. Muitos “astros duvidosos” da década de 1990 para trazidos a bordo, como Dan Jurgens, Scott Lobdelle Rob Liefeld e as histórias que criaram não foram grande coisa. Para tentar capturar as glórias do passado, a editora vem tentando repaginar obras aclamadas, com prólogos para Watchmen, uma nova minissérie de Sandman e um terceiro capítulo para Batman:O Cavaleiro das Trevas. A coisa é tão triste, que a DC mal ganha prêmios mais: na última premiação do Eisner, levou apenas cinco troféus e a maioria para desenhistas, não pelas histórias que apresentou.
Enquanto isso, incrivelmente, a Marvel vem mostrando mais criatividade em suas revistas e se arriscando com novas direções… mesmo se não param de copiar a DC: após o desfecho de sua última saga, Guerras Secretas, todos os universos da editora foram unificados em um só, como já acontecera na DC após Crise nas Infinitas Terras. De qualquer maneira, parece que a Marvel e a DC inverteram um tanto suas posições e a Marvel tem agora mais da criatividade e dinamismo que eram da DC há alguns anos. Não que a Marvel esteja em uma fase acima de críticas, mas ao menos suas histórias andam mais divertidas que as da concorrente no momento.
Aos fãs da DC Comics resta torcer por um uma nova sacudida criativa feita por gente que goste de quadrinhos, entenda as possibilidades que essa mídia permite e traga de volta os dias de glória nos quais a editora de Superman, Batman e Mulher-Maravilha foi, sem sombra de dúvida, insuperável.
Maurício Muniz é jornalista, tradutor e editor de livros, revistas e quadrinhos. Ele gosta de quadrinhos de qualidade, sejam da Marvel, da DC ou de qualquer outra editora. E, mesmo se anda comprando mais gibis da Marvel que gibis da DC no momento, ele ainda preferiria ser o Superman ao Homem-Aranha
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