sábado, 16 de novembro de 2019

Bacurau - O Brasil nu e cru sem blá blá blá

Bacurau é um vilarejo como muitos do interior do Brasil. O filme começa com o velório e enterro da matriarca da comunidade. Com 94 anos quase que a totalidade dos moradores do pequeníssimo vilarejo é seu descendente. Uma comunidade de pessoas que lutam e sofrem com a falta de água como muitas do interior do Brasil. Confesso que escrevo sobre o filme sem ter feito a



pesquisa se a cidade é fictícia ou existe mesmo. É uma falha minha, ou não. Quis escrever sobre Bacurau sem ler nada sobre o filme. Ele é cru. É um soco no estômago. Todos os elementos que fazem do Brasil uma chaga a céu aberto estão lá: o político escroto, que chega a ser brega e ridículo, a compra de votos com cestas básicas e até caixões, as drogas, o crime, e até o anti herói local, que fica entre o bandido e o herói. Quase um bandido de estimação. Ou seria um lampião dos tempos modernos. Lunga é na minha modesta opinião, o Lampião dos tempos modernos. Temos também pacote, que é um assassino local que viraliza na internet por se expor tranquilamente às câmeras de segurança. O filme tem Sônia Braga em excelente performance. Na verdade todos os atores fazem um excelente trabalho. É um filme que é um tapa na cara de quem diz que cinema nacional não presta. 
Sobre a história? Um grupo de supremacistas brancos vêem para Bacurau à busca de diversão nada ortodoxa. Divertem-se matando os locais. Provavelmente membros da KKK ou de outra associação de supremacistas, contam com tecnologia e fraude para apagarem as pistas de sua estadia em Bacurau. O desprezo que eles tem pelos mestiços é marcante. Pra eles os moradores de Bacurau são pouco mais que macacos. O que eles não podiam esperar é que a comunidade é unida e valente. Bacurau deixa filmes famosos do mainstream no chinelo no quesito violência. Muito mais violento que os filmes mais recentes de super heróis, deixa a violência de Coringa, Logan, The Darknight, comendo poeira. Mas nada no filme é gratuito. Nem a violência, nem a nudez, nem o sangue. Da um certo orgulho ver que a diferença entre os supremacistas banhados em tecnologia, e os moradores de Bacurau se torna nula quando o assunto é sobrevivência. Filme que merecia estar nas salas do cinema comercial. Vi ele na romântica sala Eduardo Hirtz na CCMQ em Porto Alegre. Com direito a uma belíssima animação com o meu poeta preferido, Mario Quintana. Junto com Neruda, Vinícius, Drumond e Zefferino Rossa. 

Uma das figuras centrais do filme é o curandeiro local, que turbina a todos com um psicotrópico que é a benção local. E uma das coisas mais boas do filme, é que o político se ferra no final. Mas acho que ficou foi barato. Bacurau é um filme que assisti. Recomendo. E assim que puder verei de novo. Em tempo: troquei Malévola, o Exterminador e Família Adams por Bacurau. Não me arrependi nem um pouco. Não quis ler sobre o filme antes de escrever pq tenho algo muito pessoal a escrever sobre ele: a presença das armas no filme é marcante. Em tempos de uma belicosidade presumida e até acalentada, Bacurau mostra duas coisas: armas na mão de gente ruim, leva vidas inocentes. Armas na mão de pessoas "boas" salva gente inocente. Os efeitos especiais de Bacurau são interessantes. Bem feitos. O elenco é digno e envolvido com a produção. Bacurau é uma bela obra. Já falei que é um soco no estômago?
Minha nota para Bacurau é máxima. 🐼🐼🐼🐼🐼

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