domingo, 7 de julho de 2019

o abraço (in memorian João Hélio)




Joãozinho querido, quero tanto abraça-lo
por toda inocência de criança
porque também tenho um joãozinho
que é lindo como você e hiperativo também
e também tem seis anos e também faz gols pro papai
queria abraça-lo hoje, mas só o farei na casa do Pai...

pai do João, quero tanto abraça-lo
porque como todos os pais desta nação
você sai para o trabalho
com o coração apertado, pensando nos filhos
pedindo a Deus para protegê-los
paga seus impostos e vê pouco retorno
se pergunta onde isso vai parar
e continua porque crê no futuro
queria tanto aliviar sua dor...

mãe, irmã, quero tanto abraça-las
porque negaram a vocês até a chance de ajudá-lo
porque tiveram a terrível dor de ver tudo, impotentes
por todas as mulheres que sofrem violência
por minha mãe, minha mulher, minha neném
queria abraçá-las e dar o ombro
chorar com ambas e acariciar o rosto
e implorá-las para que vivam e superem
e suplicá-las para que um dia voltem a sorrir
e não desistam de viver...

aos assassinos, quero tanto abraçá-los
num abraço mortal de sucuri
extinguir o ar dos seus pulmões para sempre...
mas sofrerão o castigo de estarem vivos
e de lembrar o que fizeram todos os dias
pois violarem a santidade sagrada da família
de um modo que nunca será esquecido
suas vidas, serão o inferno...

Ceroni Junior Domingues da Cunha

Um comentário:

  1. A morte do João Hélio foi tão assustadoramente estupida. Nos deu um tapa na cara. Vimos o quanto se agiganta a violência no Brasil. Sua morte foi um choque e divisor de águas. Mas o que aprendemos?

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